29/02/2012

João Bruno Videira

O João nasceu em Tomar em 1973.
É Licenciado em Ciências da Comunicação, foi jornalista da RTP e produtor de vídeo independente.
Em 2006 foi para Évora e tornou-se artesão e designer autodidata. Criou a marca Água de Prata (nome que vem da nascente da Água de Prata, que antigamente abastecia o aqueduto de Évora), e aplica lã de Arraiolos em peças de mobiliário que já vende pelo mundo fora. Um novo conceito de mobiliário que alia técnicas e materiais tradicionais ao design.




Desiludido com o jornalismo, trocou as notícias pela tranquilidade do campo e de forma casual surgiu a primeira peça. Imediatamente percebeu o potencial que tinha em mãos e foram nascendo cadeiras, mesas, bancos, painéis de parede e muitas outras coisas, sempre com a lã de Arraiolos, que até então era de uso exclusivo da tapeçaria
tradicional. Esta lã, para além de natural e ecológica é resistente, o que permite ser adaptada a assentos, encostos e tampos de mobiliário com excelentes resultados.




Tem conquistado clientes e chovem encomendas de designers e arquitetos de interiores. O João já tem peças suas nos Estados Unidos, Brasil, França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica, Emirados Árabes Unidos e apareceu na revista norte-americana Wallpaper.

aguadeprata.blogspot.com

28/02/2012

galeria entrevista Valter Varandas

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre o Valter Varandas.


O Valter nasceu em 1983 e é de Lisboa.
Trabalha na indústria náutica mas é na arte da fotografia que revela a sua criatividade e espontaneidade desde os 16 anos.
Fez o curso profissional de Fotografia no Instituto Português de Fotografia e um estágio de Fotojornalismo no Correio da Manhã. Toda a sua formação foi com equipamento analógico. Com a entrada no Jornal, iniciou a era digital. Hoje em dia, trabalha essencialmente com o digital.
Tem dezenas de trabalhos publicados, exposições individuais e coletivas.
Procura, cada vez mais, fazer fotografia de quotidianos. Gosta de se inserir nos espaços. Fazer retratos. Inserir elementos humanos nas fotografias.
Para além da fotografia também se dedica à escrita e escreve pequenas histórias. António Lobo Antunes é uma referência.
Amante assumido de cinema, apreciador de boa música, pintura e desenho. Ultimamente também se interessa pela restauração de móveis antigos.

olhares.aeiou.pt/waltere
facebook



Como é que um apaixonado pelas artes foi parar à indústria náutica?
R: Na verdade, não sei muito bem responder à pergunta. Tinha acabado de sair do jornal, tive a oportunidade de enveredar pelo ramo náutico e aceitei.
Penso que naquela altura estava bastante chateado com a fotografia. Queria mudar de ares e assim foi.
Entrei num ramo onde tudo era novo para mim, mas a experiência tem sido boa e os laços criaram-se ao longo do tempo. Mas a paixão é e sempre será a fotografia. E as artes no seu geral. É o meu mundo e onde eu me sinto mais a ser eu.

Como é que começou esta atração pela fotografia?
R: Não começou tão cedo como eu gostaria. Não tenho ninguém na minha família ligado às artes.
Foi um caminho que descobri sozinho e talvez assim tenha sido mais engraçado.
Tinha dezasseis anos quando comecei a fotografar com uma máquina compacta que tinha lá para casa. Aos poucos, comecei a sentir que gostava de fotografar. De início, tinha uma grande preocupação em encontrar a sensibilidade necessária para fazer uma imagem.
Não tinha noções técnicas mas sempre revelei interesse para saber como abordar aquilo que eu queria fotografar. Tinha um enorme cuidado com aquilo que fotografava mas raramente o fazia bem. A fotografia é ingrata para quem se inicia. Tens que errar centenas de vezes para comecar a fazer qualquer coisa de razoável.
Foi nessa altura que me apercebi que tinha que aprofundar os meus conhecimentos e assim foi. Tive que pedir uma máquina emprestada ao meu tio para dar continuidade ao meu interesse. Aliás, chego ao meu curso de fotografia sem ter uma máquina minha. Era tudo emprestado.
Agradeço a todas as pessoas que ao longo destes anos "perderam" tempo a ver as minhas fotografias.



Se fosse possível dedicava-se à fotografia a tempo inteiro?
R: Obviamente que sim. Mas dependeria do projeto que me fosse apresentado. Tenho uma forma muito particular de ver fotografia. Vejo fotografia como uma plataforma de arte. Não pretendo fazer fotografia sem este propósito. Trabalhei num jornal e saí porque não me identificava minimamente com o tipo de fotografia que fazia.
Portanto, concluo que gostaria de me dedicar por inteiro à fotografia mas não tenho convites aliciantes no sentido que eu procuro.

Prefere ter um tema ou fotografar de forma rebelde?
R: Depende. Trabalho das duas formas. Trabalho muitas vezes sobre um projeto escrito e quando vou para o terreno já sei exatamente o que vou fazer.
Às vezes, antes de uma fotografia estar feita, ela já está escrita por mim. Ou pelo menos, existe um esboço mental. Mas não são raras as vezes que fotografo sem qualquer ordem aparente. Ultimamente fotografo muito enquanto viajo. Se for a uma cidade nova, fotografo o que vejo sem qualquer plano ou delineamento inicial.
Gosto de fazer fotografia de quotidiano. A rotina esconde atos verdadeiramente interessantes para quem quer fazer uma boa fotografia. Seduzem-me os pequenos detalhes e os gestos minimalistas que as pessoas fazem.

Há pessoas fáceis e pessoas difíceis de serem fotografadas?
R: Existem efetivamente pessoas mais fáceis de serem fotografadas. Já fotografei pessoas com uma grande naturalidade perante a lente.
É como qualquer outra coisa. Há quem tenha mais vocação e quem não tenha. Mas é possível fazer bons trabalhos com pessoas mais difíceis. Mas o desafio maior é fotografar alguém que nos é desconhecido e conseguir fazer uma boa fotografia. Confesso que a maior parte das pessoas que fotografo não as conheço e a maior parte delas não sabe sequer que foi fotografada. E nesta parte não há pessoas fáceis nem difíceis.
Tudo pode dar certo e tudo pode dar uma boa fotografia mas tudo não passa de uma grande incógnita.

Que personalidade portuguesa gostaria de fotografar?
R: Penso que não gostaria de fotografar ninguém em especial. Pelo menos não encontro motivos para querer isso. Ponho as coisas de outra forma: Que personalidade me poderia garantir uma boa fotografia? Prefiro fotografar um rosto anónimo e dar-lhe vida.
Prefiro ir buscar um rosto estranho, um rosto perdido na rotina de todos nós e dar destaque a alguém que não tenha visibilidade.
Um talhante, uma florista ou um carteiro, qualquer pessoa pode ter uma boa história para contar, uma boa fotografia para ser feita.



Anda sempre com a máquina fotográfica?
R: Confesso que não. Não ando sempre com a máquina nem fotografo todos os dias.
Não me sinto com essa obrigação. Mas às vezes perco por não ter uma máquina comigo.
Já fiz muitas fotografias com os olhos que não as registei. A sensação de perder uma fotografia é terrível.
Uma vez com uma Lomo Fish Eye, fotografei durante vinte e cinco dias seguidos.
Presentemente, fotografo quando posso e quando me apetece.

O digital substituiu completamente o analógico?
R: De um modo geral penso que sim. Inicialmente, houve muitas reticências mas foram dissipadas com o tempo. Pensou-se que o digital não chegaria para fazer fotografia com a mais alta qualidade. A verdade é que faz.
Tenho equipamento analógico e digital. Mas é o digital que vive comigo e anda na mochila. Responde melhor às minhas exigências.
A fotografia chega agora a toda a gente. Todas as pessoas têm uma máquina e fazem fotografia. Porém, não aproveitam da melhor forma o que o digital oferece.
Comecei a fotografar com analógico e metade do meu ordenado ia para rolos e revelação dos mesmos. O papel era caro e fazer impressões caro era.
Hoje em dia, acumula-se muito lixo eletrónico, deixa-se que as fotografias não cheguem ao papel e para mim uma fotografia tem que estar em papel.
Imprime-se menos quando na verdade é mais barato imprimir, temos maior controlo sobre o nosso trabalho e na verdade só imprimimos o que queremos.
E o próprio ato de fotografar é nos dias de hoje um ato menos pensado, quiçá, com menos poder de filtragem. E fotografia é filtrar o que se vê.
Temos cada vez mais meios para fazer fotografia mas esta é efetivamente mais mal tratada do que antigamente.



Usa muito o Photoshop?
R: Não. Uso o necessário. Todas as minhas imagens são editadas mas o tratamento prima sempre por caminhos mais básicos.
Faço pequenas correções de cor, limpezas e alguns "crops". Ultimamente, tenho colocado alguns efeitos nas fotografias. Tenho aplicado um efeito que faz as imagens parecerem mais velhas. Seduz-me a ideia da fotografia não ter uma data. Será que uma fotografia feita nos dias de hoje pode ser igual a uma fotografia com trinta anos? O que as distingue? Misturar esta ideia poderá ser um processo interessante.

Tem uma foto preferida?
R: Não. Não tenho uma fotografia específica que possa dizer que é a preferida. Mas normalmente as que eu gosto bastante não são tão apreciadas pelos outros.
Tenho fotografias que me dizem muito, por razões diferentes, ou porque me custaram a fazer, ou porque estão efetivamente boas, ou porque têm laços emocionais mais fortes. Gosto imenso de uma fotografia que tirei há uns anos a um miúdo russo. Ter conseguido roubar aquele olhar deixa-me bastante satisfeito. Fiz uma no meio de Paris, com duas pessoas a andarem de bicicleta e a fotografia parece que tem alma e que está perdida no tempo. Ou então, uma que tem anos e foi feita ainda no meu curso, do qual fotografei uma mala perdida numa poça de água, com um prédio refletido lá dentro. Não tem nada de especial mas sempre gostei imenso dela.
Não sou muito possessivo com as fotografias. Faço-as para os outros. Nunca para mim. Muitas vezes, sinto que as minhas imagens são mais dos outros do que propriamente minhas. Quem as vê ou quem consegue sentir o pulso a uma fotografia tem um poder enorme e nós dependemos mais deles do que eles de nós.




As histórias que escreve, gostava de as publicar ou é apenas um hobby?
R: Escrever é uma paixão antiga. Gosto muito de escrever mas não sou escritor nenhum. Tenho imenso respeito por um escritor.
Gostava de as publicar e gostava que elas chegassem a pessoas que não conheço e que não façam a mínima ideia de quem sou.
Presentemente, envio as minhas histórias a um grupo restrito de pessoas. Essas mesmas pessoas, por vezes, reenviam para outras que não conheço. Basicamente é um círculo pequeno. Gostava que fosse maior mas não tenho pretensões de nada. Gosto de escrever e partilhar. Dar aos outros.
Se escrevesse ou fotografasse só para mim acho que seria demasiado aborrecido. Para mim, só estás a fazer arte quando estás a conseguir partilhá-la.
Escrever é um ato complicado. Exige tempo e disponibilidade mental. Dois ingredientes que valem muito nos dias de hoje.
Gosto de escrever porque é um exercício mental. Interligo a escrita à fotografia. Escrever obriga-me a ver melhor. Muitas das coisas que escrevo são de pequenas coisas que vejo.
Fascina-me o poder que uma palavra tem. Às vezes, leio uma frase e ela fica ali comigo durante dias.
Uma palavra pode não mudar nada como pode mudar tudo.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Alguns. Comecei agora a escrever um projeto para tentar expor numa galeria. Dei por mim com demasiados trabalhos acumulados e perdidos lá por casa.
Gostava que eles fossem vistos por mais pesssoas. Não sei se será possível mas vou tentar. Estou a começar a organizar um conjunto de imagens feitas por mim para fazer quadros para venda. Existe alguma procura e penso que é interessante.
Gostava também de iniciar um projeto fotográfico que conjugasse a escrita com a imagem. Já estive quase a conseguir uma vez.
Viajar para mim é sinónimo de fotografar. Portanto, viajar tem que ser um projeto constante para mim.



No dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Não gosto de esperar. O que eu menos gosto de fazer é de esperar. Como não gosto de esperar tenho sempre a sensação que espero muitas vezes e durante muito tempo.
Não gosto de desperdiçar o tempo nem gosto das coisas que me fazem não conseguir criar.
Na verdade, não gosto de muitas coisas mas tenho a certeza que o número de coisas que gosto de fazer é bem maior.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: António Lobo Antunes. É inspirador como homem e como escritor.
Não há ninguém que escreva como ele. É impressionante como a sua escrita foge a todos os registos. Ler as coisas que ele escreve é algo que me emociona. Ele é um festival de sentimentos.
Não tem uma escrita fácil. Tem um escrita densa e um quanto labiríntica. Mas escreve coisas que estão muito à frente.
É efetivamente o português que mais me inspira, alguém com um talento pertíssimo da genialidade.
O que mais aprecio na sua escrita e modo de ser e estar na vida é a forma como nos chega à alma. Consegue ter a sensibilidade que nós pensamos não ser possível existir e fala-nos das coisas e da vida de uma forma que mais ninguém consegue fazer.


27/02/2012

Alexandre Farto (a.k.a. Vhils)

O Alexandre nasceu em Lisboa em 1987. Cresceu no Seixal, na Margem Sul.
Tinha apenas 10 anos quando se interessou pelo graffiti e começou a pintar (mais a sério) na rua com 13 anos. Primeiro nas paredes e mais tarde em comboios, com amigos ou sozinho. Em Portugal e depois um pouco por toda a Europa. Viajava para ir pintar comboios.

foto daqui
Diz que o graffiti lhe deu a base para decidir o seu futuro profissional. Passou da lata de spray para o stencil e mais tarde explorou outras ferramentas e processos.
Começou a perceber que o graffiti vive num círculo fechado de pessoas mas que na rua havia grande potencial de comunicação. Já farto de pintar em paredes ilegais, passou para os posters de publicidade. Pintava-os de branco e escavava as camadas de anúncios acumulados. Experimentou voltar às paredes e esculpi-las também. E foi assim que conquistou o mundo.





Desde os 19 anos que vive em Londres, onde tirou um curso de Belas Artes na St. Martin''s School. Foi lá que começou a ser conhecido, e conseguiu que a sua street art de retratos anónimos em paredes danificadas ou fachadas de casas devolutas lhe valessem o reconhecimento mundial.
Convidaram-no para expor no Cans Festival, evento organizado pelo Banksy e foram surgindo bons convites como a Lazarides Gallery, em Londres e a Studio Cromi, em Itália.
Tem trabalhos espalhados em espaços públicos de várias cidades do mundo como Londres, Moscovo, Nova Iorque, Los Angeles, Grottaglie, Bogotá, Medellín e Cali. Por cá, um pouco por todo o lado, Torres Vedras, Porto, Lisboa (por exemplo na Lx Factory ou na Fábrica do Braço de Prata).




Normalmente é o Alexandre que escolhe o lugar onde crava a sua arte mas também tem recebido convites para fazer intervenções em vários locais.
Acredita que o processo de trabalho é mais importante do que o resultado final e por isso filma todo o processo. "Um dos conceitos fundamentais que exploro reside no ato de destruição enquanto força criativa, um conceito que trouxe do graffiti – um processo de trabalho através da remoção, decomposição ou destruição ligado à sobreposição de camadas históricas e culturais que nos compõem.
Acredito que, de forma simbólica, se removermos algumas destas camadas, deixando outras expostas, podemos trazer ao de cima algo daquilo que deixámos para trás".
Escolhe rostos anónimos baseados em fotografias. Gosta de dar um rosto à cidade e de dar poder a pessoas comuns.
Usa explosivos e martelos pneumáticos para esculpir e dar textura, técnica que tem vindo a desenvolver. Mas não só, também usa lixívia, produtos de limpeza, ácidos corrosivos e café juntamente com os tradicionais sprays, stencils e tintas.
A convite da editora holandesa Lebowski publicou o livro Vhils/Alexandre Farto Selected Works 2005-2010, uma compilação dos seus trabalhos em paredes e suportes como metal ou madeira.
Recentemente esculpiu numa parede de Berlim um retrato da chanceler alemã Ângela Merkel.




É conhecido em todo o mundo como Vhils. Os seus retratos contrastam o novo com o antigo, de forma complexa e ambiciosa mas poética.
Vale a pena ver e ouvir o vídeo em baixo, uma parceria entre Vhils e os Orelha Negra que se juntaram para criar um vídeo para M.I.R.I.A.M. O vídeo foi realizado e editado por Vhils e teve como diretor de fotografia Vasco Viana. Os explosivos foram da responsabilidade da Pirotec. A música é dos Orelha Negra.

alexandrefarto.com

26/02/2012

Resumo da semana :: 14

Domingo é dia de resumo.
Esta semana, a galeria portuguesa falou sobre a Ana Salazar e a Mariza.
Entrevistou a Sílvia Silva.
E apresentou o projeto Protect Your Books With Love e o evento LXMarket.

Aproveite para ver ou rever.

25/02/2012

galeria apresenta LxMarket

Todos os domingos entre as 11 e as 18 horas acontece a LXMarket na LXFactory em Lisboa. Um espaço ao ar livre onde se encontram à venda artigos em 2ª mão e não só. A entrada é livre e há música ao vivo a animar o evento.

A LxMarket diz assim:
Se, por prazer, curiosidade, estilo, necessidade, opção, originalidade, ou outra qualquer razão gosta de peças em 2ª mão, vir ao LxMarket é o seu programa de domingo.
Na LxFactory circulam, a preços muito levezinhos, coisas para vestir, calçar, adornar, decorar, utilizar, ver, comer, ouvir, provar, vivenciar e sorrir.
Dê uma folga ao sofá e venha passar uma tarde improvável.

LxMarket
Rua Rodrigues Faria 103
LxFactory
1300-501 Lisboa

lxmarket.com.pt
facebook

24/02/2012

galeria apresenta Protect Your Books With Love

Todas as sextas-feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, projeto, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, apresentamos o projeto Protect Your Books With Love.



No âmbito do mês do romance e no contexto da marca Namorar Portugal surgiu um projeto da autoria da designer Sílvia Abreu chamado Protect Your Books with Love.
Trata-se de uma coleção composta por sete produtos diferentes: note books, blocos de notas A5, blocos de notas A4, cadernos de argolas, sacos de pano, pins e a estrela da companhia que é uma capa A4 (uma capa dura, com acabamentos em napa).
Este projeto é inspirado nos riscos dos lenços de namorados que servem de base às bordadeiras no início da criação. Aos diferentes riscos sobrepostos a Sílvia adicionou detalhes de cores vivas. É tudo feito à mão.

"Foi pensada para ser usada pelo casal. Os blocos servem para deixar recados de amor pela casa, por exemplo; os cadernos de argolas para usar na cozinha, para escrever receitas ou listas de compras..."

Estes produtos vão estar à venda em lojas de artesanato, postos de turismo, papelarias e em lojas de produtos de autor.

silviaabreu.com
namorarportugal.pt



23/02/2012

Mariza

Nasceu em Moçambique em 1973 mas veio para Portugal com três anos e instalou-se com a família na Mouraria.
Em sua casa não se via televisão, ouviam-se discos, sempre de fado. Foi o pai que determinou o gosto da cantora pelo fado. Aos cinco anos recebeu o seu primeiro xaile e começou a moldar a voz que a tornou famosa. Aprendeu a cantar na taberna dos pais e foi lá que atuou pela primeira vez.
"Foi aqui que toda a história começou. Se calhar é aqui que vai acabar. Tudo pode acabar de repente, tal como começou, e eu volto à minha Mouraria e à taberninha dos meus pais para servir dobradinhas e copos de vinho que não me chateia nada!"


O recreio da escola primária da Mouraria era um palco. Fazia uma roda com as colegas e depois ia para o meio delas e cantava. Também gostava de sapateado que praticava à porta de casa com caricas de Coca-Cola coladas nos sapatos.
Só na adolescência começou a ser levada a sério como cantora. Até se assumir como fadista (ou cantadeira de fados, como prefere ser chamada) cantou diversos géneros musicais, como gospel, soul e jazz. Formou com alguns amigos uma banda de covers de nome Vinyl, costumavam cantar no bar Xafarix, em Lisboa. Mais tarde formou os Funkytown.
Foi no "Sr. Vinho" que a Mariza começou a cantar profissionalmente. Cantou também no "Café Café", propriedade de Herman José, que lhe deu alguma notoriedade.
Em 1999 foi convidada por Filipe La Féria para integrar a lista de cantores à homenagem a Amália Rodrigues num espetáculo no Coliseu de Lisboa (e depois no Coliseu do Porto), transmitido em direto pela TVI. A partir daqui nunca mais parou.
Em 2001 editou o seu primeiro álbum, Fado em Mim, primeiro em Portugal e depois em 32 países. O disco é uma espécie de tributo a Amália. Com este CD surgiram as primeiras digressões no estrangeiro e os primeiros prémios e nomeações. Dois anos depois editou Fado Curvo, que conseguiu o mesmo sucesso.

foto de José Goulão
Em 2005 veio o terceiro álbum, Transparente e a Fundação Amália Rodrigues atribuiu-lhe o prémio de «Intérprete que mais contribui para a divulgação da música portuguesa no estrangeiro». Um ano depois ganhou um Globo de Ouro em Portugal, e tornou-se Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique,
distinção atribuída pelo Presidente da República de Portugal, Jorge Sampaio. Também foi nomeada Embaixadora de Boa Vontade da UNICEF e de seguida, Embaixadora de Hans Christian Andersen em Portugal, pelo embaixador da Dinamarca no país, a propósito das comemorações do bicentenário do escritor.
Tem sido presença regular em palcos mediáticos como o Carnegie Hall, Walt Disney Concert Hall, Lobero Theater, Salle Pleyel, Ópera de Sydney, Olympia ou o Royal Albert Hall e tantos outros. O jornal britânico The Guardian considerou-a «uma diva da música do mundo».
Sucedem-se platinas, prémios, salas esgotadas e convites irrecusáveis como integrar os concertos do Live 8, o dueto com Sting, no disco Unity ou ser convidada do Late Show With David Letterman. Foi também a protagonista do filme de Carlos Saura, Fados que reuniu tanto críticas como elogios por se afastar da conceção natural do fado. O filme não foi aceite no Festival de Cinema de Cannes.
Foi a primeira portuguesa nomeada para os Grammy latinos. Um momento importante no seu percurso no fado. Esta nomeação causou corrupio na imprensa nacional e internacional.
"Ao saber da nomeação não consegui deixar de pensar no percurso que fiz: como foi possível? Mas, ao mesmo tempo, percebi que tudo faz sentido. Pela forma como temos batalhado Com grande vontade de vencer, de conquista, de mostrar que a cultura portuguesa é extremamente rica, que Portugal é um país com muito para dar".


Em 2007 recebeu uma proposta do arquiteto Frank Gehry para lhe desenhar o palco. Idealizou uma taberna portuguesa, acolhedora e intimista, a fazer lembrar Lisboa e o seu ambiente bairrista.
Em 2008, na Culturgest, apresentou o seu novo álbum, Terra. Nesta altura associou-se à Blue Note Records, a mais importante editora de jazz do mundo.
Em 2010 lançou Fado Tradicional, o seu quinto álbum.
Juntamente com Carlos do Carmo foi embaixadora da candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade.
Apesar de reunir algumas críticas dos puristas do fado, Mariza foi a maior impulsionadora da nova geração de fadistas que surgiram depois do milénio, e uma das pessoas que mais contribuíram para o reconhecimento e o valor que o fado conseguiu recuperar, tanto em Portugal como no estrangeiro.

mariza.com

21/02/2012

galeria entrevista Sílvia Silva

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Sílvia Silva.


"Eu sou uma rapariga, daquelas que oscila entre a vida adulta de uma mulher e a mente sonhadora de uma criança".

A Sílvia nasceu no Algarve, tem raízes e memórias passadas junto a uma alfarrobeira especial, mas viveu grande parte da sua vida junto ao mar em Esmoriz e nos úlitmos anos moveu-se ao longo da mesma costa até à Praia da Aguda.
Em 2011 experimentou uma forma intensa de controlar a própria vida: passou de um emprego remunerado para ficar em casa a tentar desenvolver os seus projetos e assumiu os riscos que estas escolhas envolvem, sem planos, apenas com ideias.
É verdadeiramente apaixonada por chocolate e pelo seu blogue Raparigas como nós, que é também o nome de uma marca que tem uma loja chamada choose your own head, uma loja de chapéus, gorros e turbantes, para quem gosta de escolher a sua própria cabeça! Outras coisas será no futuro ao sabor das ideias e das vontades!
A Sílvia participa com artigos no Trendalert e tem um novo projeto chamado Quarto de mudança, um sítio para todas as pessoas que gostam de blogues, fotografia, comércio eletrónico e comunicação web.
Admira as pessoas que se envolvem, que se preocupam com a política de um ponto de vista comunitário e local e tentam mudar as coisas. Acha que não é uma dessas pessoas mas está a pensar em mudar isso.

raparigascomonos.com
shop.raparigascomonos.com
facebook.com/raparigascomonos
quartodemudanca.com
facebook.com/quartodemudanca


As "Raparigas como nós" são raparigas comuns ou raparigas diferentes das outras?
R: São raparigas iguais a elas próprias. A identificação com a expressão pode acontecer com os mais variados géneros de raparigas (e rapazes) desde que saibam quem são!

Já descobriu se gosta ou não do facebook? E de ver televisão?
R: Já! O facebook, acho que já o dominei. Houve uma altura em que confesso que me irritava um pouco, porque quando dava por mim estava a ler coisas, comentários e pessoas que não tinham qualquer interesse e só me faziam perder tempo. Foi apenas uma questão de dominar as ferramentas existentes e arrumar a ‘casa’.
A televisão, essa já perdeu há muito tempo a batalha para a Internet. Já vivi durante 6 meses sem qualquer televisão e não me fez falta nenhuma. Gosto de controlar o que vejo e leio, e a televisão, para além de produzir conteúdos cada vez piores, tem uma abordagem de domínio perante o telespetador. Eu, já saí desse filme há muito!

O que é que a fez tomar a decisão de trocar um emprego remunerado por um futuro incerto?
R: Esse não é um processo assim tão simples como pode parecer. Para além de que não se resumiu à questão do emprego remunerado, mas sim a uma sensação de inadequação desde os tempos da faculdade. Sempre me senti um peixe fora de água, mas nunca soube qual era o meu aquário! Achei que era capaz de fazer tudo na vida (menos ser professora ou trabalhar na saúde), mas nunca tive qualquer certeza sobre o meu caminho. Fui vivendo as coisas boas que me surgiam e deixando para segundo plano aquilo que menos me agradava. Aguardando ansiosamente por uma qualquer catástrofe natural ou por alguém que viesse resolver o meu problema por mim.
Sabem aquelas histórias que dão na televisão de alguém que está no supermercado a comprar couves e vêm ter com ela dizer-lhe que vai ser o próximo Leonardo da Vinci? Era isso que eu esperava para mim. Nunca aconteceu. Até que um dia percebi que tinha mesmo de ser eu a fazer alguma coisa. E fiz. Foi e ainda é difícil!



Quando passou a trabalhar em casa é que se sentiu realmente cansada. É um cansaço diferente, este que se ganha em casa?
R: A minha avó nunca trabalhou fora de casa. Mas eu sempre dizia que a minha avó não trabalhava. No entanto nunca a vi sentada a ver televisão ou a apanhar sol para ficar morena. Estava de facto sempre a trabalhar, era o que era. Agora, depois de todos estes anos percebi.
A casa é um poço de trabalho. É interminável. Com filhos então, é talvez dos trabalhos com horários mais alargados que se pode ter. Para além de que não há intervalos para almoço (aliás, em casa preferimos não almoçar porque só o trabalho que isso dá, acrescenta mais uma hora extra ao horário), não há pausas para o café, nem risota com os colegas. Agora a sério, é muito difícil coordenar trabalho em casa com filhos (em casa). Mesmo. Os filhos requerem toda a nossa atenção e dedicação e não sobra muito tempo para nos concentrarmos em produzir o que quer que seja. É uma verdadeira luta muito mais exigente do que a procrastinação diária de muita gente nos escritórios das empresas.

Descobriu também que ter trabalho não é sinónimo de dinheiro; ter trabalho não é ter um emprego! Quer comentar?
R: É simples. Podemos trabalhar muito sem receber qualquer compensação monetária pelo nosso esforço. Aliás, qualquer pessoa que já experimentou trabalhar por conta própria ou iniciar um negócio/projeto, sabe perfeitamente que até obter reconhecimento e remuneração pelo mesmo, há um longo caminho a percorrer que é geralmente solitário e ingrato (ou não, há outras formas de compensação). É exatamente a lógica contrária de quem arranja um emprego em que um acordo num papel lhe permite, à partida, ser recompensado independentemente do trabalho produzido.


Tinha o sonho de ser atriz. Já não tem?
R: O meu sonho não era o da atriz, mas sim o do teatro. Fazer teatro. Para mim é diferente. O teatro pode ser tudo e qualquer lugar. Pode ser música, palavra, dança ou silêncio. Pode ser texto ou imaginação. É magia. Costumo dizer que saltei para fora da caixa no momento em que pisei o palco do cine-teatro em Santa Maria da Feira. E foi. A minha perspetiva da vida, da emoção e das pessoas mudou e nunca mais voltou a ser a mesma. É uma paixão muito genuína e continua viva dentro de mim. Não sei bem como explicar isto, mas não tem nada a ver com ser a próxima Sophia Loren, mas mais com ser uma espécie de Charlie Chaplin incompreendido (:D).
A minha grande alegria no teatro é que dizem que é a profissão em que a idade não atrapalha! Espero que sim...

Os turbantes, gorros e chapéus como é que surgiram?
R: Os turbantes sempre foram uma paixão. Desde sempre usei lenços na cabeça em forma de turbante. Achava e acho o máximo, mesmo que o resto da população apenas ache esquisito ou que tenho alguma doença. Os gorros e chapéus também. Aliás o blogue nasceu por causa dos gorros e não o contrário. A forma como surgiram foi muito semelhante à maioria das pessoas, tinha um na cabeça num jantar de amigos, quando alguns dos rapazes começaram a tecer comentários sobre o mesmo (comentários de gozo, diga-se) até que um deles acabou por me desafiar a fazer um para oferecer à namorada no Natal. Daí até colocar o primeiro na Internet passou pouco tempo e depois fui sempre recebendo encomendas e pedidos e fui fazendo, até hoje. Já os turbantes ninguém me pediu para os fazer (risos). Fui eu mesma que achava que ia fazer um grande favor ao mundo. Eu adoro. Não estou preocupada se vendo muitos ou não. Vou continuar!




E o recente Quarto de mudança?
R: É o que eu chamo um projeto ‘flash’! Era uma ideia que já me tinha passado pela cabeça, mas nunca tinha pensado muito nela. Até que comecei a perceber que, para quem tem um blogue e quer fazer algo mais consistente, é essencial ter uma imagem própria e distanciar-se dos templates standard. Para além disso, já há 3 anos que crio e mantenho lojas online e sei o trabalho que isso dá e as dificuldades que se sentem. Até que um dia disse ao meu amigo Pedro “ah e tal e se...” e ele respondeu prontamente “estava a ver que nunca mais perguntavas”. Daí até estarmos online passaram-se perto de 3 semanas. Para mim é uma grande vantagem porque estou ao lado de duas pessoas com as quais sei que também vou aprender muitas coisas que me interessam. Estou a adorar e acho que vai ser muito bom!
A Sílvia fala muitas vezes em organização e concentração. Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Pois, isto para mim é que já não é nada orgânico nem simples. Não tenho qualquer tipo de espírito de filofax humano. Mesmo!
Nem sequer posso dizer que trabalho por instinto, trabalho quando dá, sempre que consigo, de forma pouco organizada e ao sabor das minhas ideias (que essas de facto tenho muitas). Depois a capacidade de transformar estas ideias em realidades é que é mais difícil. O que vale é que não demoro muito a fazer as coisas, senão acho que não fazia mesmo nada. Por vezes preciso de algum tempo sozinha para me organizar e pensar nas coisas que ando a fazer. E atualmente isso é quase impossível. Por isso, vou fazendo o que posso e como posso. Mas nunca paro. Todos os dias me obrigo a produzir algo que me interessa e tem resultado.

Tem projetos para um futuro próximo? Que voos primaveris são esses que tem andado a preparar?
R: Podia passar a minha vida a pensar e a operacionalizar projetos! Em curso tenho pelo menos 2 ou 3. Um relacionado com o crochet e que estou a fazer com a minha avó (‘it’s a doily world’) e outro tem a ver com a minha paixão por coisas velhas. Em breve serão apresentados no meu blogue. A única característica que estas coisas têm é serem pequenas e de baixo custo de produção. Ou seja, não faço grandes planos de coisas mega e que implicariam ter recursos que não possuo. Não, isso já não faço mais (já fiz). Assento os pés bem no chão, olho à minha volta e uso o que está disponível. Dura o tempo que durar e quando acho que deve terminar termina. Ninguém deve ficar a chorar por mais uma ideia ou projeto que se foi! É a ordem natural das coisas.

Para além de se dedicar à sua loja, o que mais gosta de fazer?
R: Gosto de estar com a minha família, de tirar fotografias, de dançar rock, de francesinhas e finos na companhia de amigos, de procurar roupa vintage no e-bay e no etsy, de vasculhar velharias em feiras e lojas e bisbilhotar casas abandonadas. Também costumava gostar de deambular pela cidade do Porto e de ver filmes parvos ao domingo à tarde no sofá, mas já não faço isso há algum tempo (:D).



E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: De acordar cedo e fazer tarefas domésticas (todas!).

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Aqui vou ter desiludir os grandes artistas, cientistas e empreendedores nacionais e cair no maior lugar-comum de sempre para eleger a minha própria mãe. Porque é verdade. Foi ela que me ensinou a ter força e a lutar contra a corrente. Que me mostrou, muitas vezes da pior maneira, que a vida é para ser vivida em pleno e com felicidade. Acho que ela ficaria muito desiludida com isto, mas é ela que me inspira todos os dias para fazer as loucuras que tenho feito. Hoje, todas as coisas que em criança não compreendia transformaram-se em pura inspiração.