17/01/2012

galeria entrevista Sara Bernardo

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Sara Bernardo.

A galeria portuguesa lançou o desafio (Eu devia estar aqui) e a Sara aproveitou. Contactou a galeria e apresentou o seu trabalho. Parabéns!


A Sara tem 23 anos e nasceu em Lisboa, ao som de Que sera sera de Doris day.
Fez a licenciatura em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Viveu no Porto e em Castelo Branco, sempre numa constante mudança e procura de tempo, tranquilidade e concentração para se dedicar exclusivamente ao seu trabalho como artista plástica. No entanto, para subsistir deu aulas ao Ensino Básico durante dois anos. Experiência que se revelou bastante enriquecedora.
Já explorou várias técnicas e materiais em áreas como escultura, instalação, desenho, fotografia e vídeo. Viu os seus trabalhos em algumas exposições coletivas e recentemente foi selecionada, com mais 8 artistas, a representar Portugal na The young European Artists Network 2011/2013 – JCE Contemporary Art .
A paixão pela fotografia sempre a acompanhou e com o objetivo de contribuir socialmente para aqueles que mais precisam, surgiu a Fotografia Documental. Entrou para o Grupo de Ação Social do Porto, uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (O.N.G.D.) que desenvolve projetos de voluntariado em Portugal e em países em desenvolvimento. Esta experiência intensificou a sua vontade de ajudar os outros, conheceu pessoas extraordinárias (daquelas que pensamos que já não existem) e teve consciência de que os seus objetivos de vida mudaram.
Neste momento, tem dois grandes projetos: Um projeto para invisuais, um livro com o nome Ouvir Imagens, que está pronto à espera de financiamento. E outro grande projeto (ou grande sonho), recolher fotografias de todo o Mundo, especialmente retratos e construir um site como banco documental para vender as imagens e assim angariar dinheiro para criar outros projetos, ajudar, construir, dar e apoiar quem precisa.
A Sara acredita que um dia tudo vai ser possível. Concretizar estes projetos e conseguir viver da fotografia sem deixar as artes plásticas.

cargocollective.com/sarabernardo



Neste momento, como é que ocupa os seus dias?
R: Neste momento, tenho um pequeno part-time numa sala de estudo, onde dou apoio ao estudo e expressão plástica a crianças.
O resto do tempo tento aproveitar ao máximo, para desenvolver os meus trabalhos de Artes Plásticas e para fotografar.
Adoro pegar numa mochilinha com a “marmita” e sair para qualquer lado para fotografar, pode até ser só durante um dia e a 30 km de casa.

Qual foi a motivação para entrar para o Grupo de Ação Social do Porto?
R: Sempre senti muita vontade de me aproximar e estar com crianças e com pessoas de mais idade (os vovós, como gosto de chamar com todo o respeito e carinho). Sempre senti muita empatia.
Quando terminei a licenciatura e fui morar para o Porto, tinha mais tempo livre e resolvi que era hora de contribuir de alguma forma para aquelas pessoas que mais precisam. De dar-me como pessoa, e portanto experimentar o voluntariado.
Fiz uma pesquisa na internet e entre outras coisas encontrei o G.A.S. Porto, que se destacou pelos valores que defendia, pela própria estrutura de funcionamento e pela forma como desenvolvia os projetos. O G.A.S. Porto é como “uma escola de vida”, uma grande família, onde se partilha e aprende muito.
Enviei um mail a pedir informações e responderam-me com a data da primeira reunião para novos voluntários. Aguardei duas semanas até à respetiva data e depois lá estava eu, a integrar o G.A.S. Porto.



Continua ligada a esta Organização?
R: Infelizmente após um ano no Porto e no G.A.S., não consegui voltar a arranjar emprego no Porto, o que consequentemente me levou a afastar do G.A.S.... com muita pena minha. Mas continuo a falar com algumas das pessoas que conheci e a única vez que tive oportunidade de voltar ao Porto, um ano depois, claro que fui fazer uma visita ao Lar das Fontainhas, onde realizava o voluntariado semanal com o G.A.S.. Foi indescritível voltar a ter hipótese de estar com as “nossas Vovós”. Tenho muitas saudades do G.A.S Porto.

Como é que surgiu a fotografia documental?
R: A fotografia documental, surgiu como um ponto de união entre dois grandes interesses. A fotografia, que é uma paixao que esteve sempre presente e a intervenção social, que teve um grande despertar quando tive o privilégio de entrar para o G.A.S.
Estes dois interesses, apesar de parecerem distantes podem-se complementar. O objetivo é, um dia, recolher fotografias em todo o mundo, principalmente retratos que contêm histórias de uma vida, para construir um site, uma espécie de banco documental dos rostos/vidas do Mundo, para leiloar esses mesmos trabalhos fotográficos.
Isto com o objetivo de angariar fundos para ajudar, construir, dar e apoiar quem mais precisa. Mas quero fazer parte de todas as iniciativas de perto, o trabalho em campo. Acredito que dar, é muito mais que dar dinheiro, é darmo-nos como pessoas para cuidar de outras pessoas.
Neste momento, tenho um site com os meus trabalhos de Artes Plásticas cargocollective.com/sarabernardo, o site com os meus trabalhos de fotografia está em construção. Espero que esteja pronto brevemente!


De uma maneira geral, as pessoas gostam de ser fotografadas?
R: Não consigo dar uma resposta generalista. Depende muito de cada pessoa e do próprio meio em que está inserida. Há pessoas que se conversar um bocadinho com elas, reagem bem e até se desenvolve uma boa conversa, onde contam a sua história de vida. Mas há outras pessoas que não gostam mesmo, e aí eu respeito e não fotografo.

Já bateu às portas a pedir financiamento para os seus projetos?
R: Pois... confesso que só pedi duas vezes apoio, os quais foram negados. É uma das grandes falhas e dificuldades que tenho... não sei bem a quem nem como me hei de dirigir para pedir apoios, patrocínios, etc... É uma coisa que quero trabalhar e melhorar.
Aliás, aproveito para pedir a quem souber de qualquer tipo de apoio ou se alguém quiser apoiar, enviar um mail para sarabernardo@live.com.pt!

Anda sempre com a máquina fotográfica?
R: Sempre, sempre não. Por exemplo, é raro sair com a máquina à noite... tenho sempre medo que lhe aconteça alguma coisa e depois não tenho hipótese de adquirir outra. Tenho uma certa obsessão em proteger a máquina...



Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Hummm... sou obcecada por organização e método. Isto pode ser vergonhoso... mas tenho uma coleção de agendas onde desde os 17/18 anos rabisco tudo.
Também tenho bastante receio em “entrar” num estado de indiferença e desistir, ou simplesmente cair numa cómoda habituação, por isso a organização ajuda-me a manter um certo ritmo e disciplina no desenvolvimento dos meus trabalhos de Artes Plásticas, de fotografia ou em qualquer atividade que me envolva.
O que acontece com alguma frequência, é que devido à facilidade, rapidez e quantidade de informação a que temos acesso, há sempre muita coisa para ser feita, e às vezes é inevitável coisas mais imediatas tomarem o lugar de outras que vão andando de página em página ao longo da agenda.

Para além das artes plásticas e da fotografia, o que mais gosta de fazer?
R: Adoro ler, ir para o laboratório de fotografia analógica, escrever, sentir o sol, passear e amo viajar. Mas viajar para estar com as pessoas. E não há nada que substitua uma boa e interessante conversa.

E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Não gosto de cozinhar, só pontualmente quando é uma ocasião especial, um mimo para alguém. Mas o cozinhar diário não gosto, muito menos se for só para mim.
Irrita-me quando percebo qua há alguém que passa os dias sem tentar fazer alguma coisa, nem que seja para a sua própria evolução ou bem-estar.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Hummm...prefiro referir alguém que é de facto uma referência para mim, apesar de não ser português. O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, pelo facto de ter um trabalho fotográfico maravilhoso, pelo seu ativismo na intervenção social e por ser um bom exemplo, de como as coisas diferentes se podem completar.

1 comentário:

  1. Olá Sara, adorei e desejo-te mta sorte, especialmente no projecto da fotografia, excelente ideia. bjos sandra (prima)

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