26/01/2012

galeria entrevista Inês Vicente

Quinta-feira também é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Inês Vicente.


A Inês nasceu em Lisboa em 1978. E é em Lisboa que vive.
Divide o seu tempo entre a arquitetura e a música.
É licenciada em Arquitetura e com dois amigos da faculdade abriu o atelier DATA, onde trabalha a tempo (quase) inteiro.
A música esteve sempre presente na sua vida. Começou com bandas de garagem com amigos do liceu, tocava guitarra e chegou a cantar. Depois, trocou a guitarra pelo baixo e foi membro dos You Should Go Ahead - banda portuguesa que gravou dois álbuns, foram finalistas do TMN Garage Sessions, tocaram no Festival Sudoeste e no Lisboa Soundz, participaram no maior festival de música do mundo, South By Southwest 2007 nos Estados Unidos e foram convidados a tocar no main stage do Festival Creamfields. Ainda arrecadaram o prémio de Melhor Vídeo de Ficção no VIMUS 2007 - Festival Internacional de Vídeo Musical da Póvoa do Varzim. Em 2009 anunciaram o fim da banda.
A Inês continuou na música e fundou os Lissabon, banda portuguesa de quatro elementos que lançou um EP em 2011 e faz parte da banda sonora da série Morangos com Açúcar.
Mais sobre a Inês? É incapaz de dizer não a uma criança, não se dá bem com cogumelos e gosta de pizzas com ingredientes pouco habituais.

atelierdata.com
lissabonmusic.com
myspace.com/lissabonmusic


Como é que gere estas duas profissões?
R: Tanto a arquitetura como a música funcionam muito por ciclos que felizmente são manipuláveis de forma a que não colidam. Há alturas de aperto em que dou prioridade a uma das áreas, mas de maneira geral convivem pacificamente. Tenho a felicidade de ter a meu lado, tanto na arquitetura como na música, pessoas que percebem a importância desta conjugação e também elas ajudam a tornar possível a convivência.

Quando os You Should Go Ahead acabaram, equacionou deixar a música?
R: Quando me convidaram para fazer parte dos You Ahould Go Ahead, para tocar baixo (que na altura era coisa que nunca tinha feito), tinha tomado essa decisão, depois de terminar uma outra banda. A verdade é que sentia tanto a falta de tocar que, mesmo sendo um outro instrumento, me atirei de cabeça. Depois dos You Should Go Ahead a história repetiu-se… bastou um sms para voltar a pegar no baixo e fazer barulho!

YSGA
Quem assiste aos vossos concertos não é propriamente quem assiste à série Morangos com Açúcar. Ficaram surpreendidos com o convite?
R: Não diria surpreendidos, mas apreensivos. Há sempre o eterno complexo dos “vendidos”. A verdade é que fazemos a música que queremos, se a querem aproveitar para coisas que não imaginávamos, melhor! Não alterámos em nada a nossa postura, a diferença é que temos neste momento um público mais abrangente. A surpresa veio em perceber que quem assiste à série não é apenas o público que imaginávamos…

Sentem que cativaram um público novo com este destaque televisivo?
R: Ainda estamos muito no início, o nosso primeiro álbum está prestes a ser editado, só aí vamos perceber verdadeiramente. Nos concertos que temos feito temos vindo a perceber que há pessoas que já conhecem as músicas da série, e algumas que conhecem outras porque ouviram a música na série e foram procurar mais, e isso é bom. Como os Lissabon têm ainda pouco tempo de existência é complicado dizer se é um público novo, não temos termo de comparação.

Lissabon
É muito difícil viver da música em Portugal. Mas se fosse possível, dedicava-se a tempo inteiro?
R: Se esta pergunta me tivesse sido feita há uns anos atrás a resposta seria definitivamente um sim, hoje a resposta é bem diferente, um redondo não! É ótimo viver na esquizofrenia da arquitetura e da música. São áreas que se tocam em muitas ocasiões e dou por mim muitas vezes a aplicar os conceitos de uma delas na outra. Teria muito a perder se tivesse abdicado de uma delas.

Que música ouve atualmente?
R: Tento ir atualizando a playlist com coisas novas mas continua a saber-me muito bem ouvir alguns discos que se tornaram clássicos da banda sonora da minha vida. Coisas relativamente recentes: Metronomy, M83, We Have Band.


A arquitetura em Portugal vai no bom caminho?
R: Mais a arquitetura portuguesa que a arquitetura em Portugal, mas sim, num excelente caminho! É muito gratificante perceber o reconhecimento que tem sido dado à arquitetura portuguesa. Não me refiro apenas às grandes estrelas, mas a uma nova geração de arquitetos / ateliers que, com uma estrutura bastante mais modesta, conseguem competir internacionalmente com grande sucesso.

E a música?
R: A música… o fado parece que está! A música em Portugal parece estar a marinar… ainda não encontrou o seu espaço neste novo molde, mais tecnológico, menos físico.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Tenho pois! Entre a arquitetura e a música há sempre coisas a acontecer. Já em Fevereiro / Março queremos lançar o primeiro álbum de Lissabon. Na arquitetura é um pouco mais difícil descrever os projetos, mas estão em ebulição!



Para além da música a da arquitetura, o que mais gosta de fazer?
R: De estar com os amigos e família, tantas vezes sacrificados pelo excesso de atividades que tenho em mãos, de me tornar outra vez criança e brincar com os meus sobrinhos, e quando posso, gosto de não fazer nada!

E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Cozinhar é definitivamente uma coisa para a qual não fui talhada e da qual não retiro qualquer prazer.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: As minhas grandes referências são pessoais, pessoas anónimas para a maioria, como os meus pais. Vou fazer batota (posso?) e apontar uma pessoa coletiva: os voluntários. Acho que são pessoas que fazem efetivamente este mundo um pouco melhor, com uma generosidade e dedicação extremas. Saber que há pessoas que depois de um dia de trabalho, em vez de irem para casa descansar, dão o seu tempo a causas nobres… dá que pensar… porque é que eu não faço isso?

Sem comentários:

Enviar um comentário