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03/07/2012

galeria entrevista Teresa e Helena Jané

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Teresa e a Helena Jané.


A Teresa e a Helena Jané são irmãs com um ano de diferença. Criam e produzem peças contemporâneas com mensagem. Peças “que contam histórias pessoais ou universais, tristes ou alegres, com horror ao efeito fácil, ao déjá vu, ao brilho vão”.
A Teresa tem o Curso Técnico-profissional de Artes Gráficas e Comunicação da Escola António Arroio, e licenciou-se em Design Visual pelo IADE em 1996. Trabalhou como designer em agências de publicidade.
A Helena licenciou-se em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE em 1995, e tem o Curso de Formação de Formadores de Formadores da Fundação Oliveira Martins. Trabalhou na área da Formação, vertente comportamental.
Em 2002 decidiram arriscar tudo neste projeto: THJané (Handmade Portugal).
Trabalham há cerca de dez anos na conceção e produção manual de peças no âmbito da cerâmica contemporânea, essencialmente jóias e objetos de autor.
Apostam em peças únicas e assinadas, e na elevada qualidade da sua manufatura.

Originalidade, inovação e qualidade é o que as desafia.



Só têm um ano de diferença. Sempre se deram bem?
R: Não, nem sempre. Lembra-se do vídeo da música dos New Order, “True Faith”? Aquele que começa com dois maluquinhos à estalada? Pois bem, passou-se mais ou menos assim, por volta dos 5 ou 6 anos de idade.
Deixámo-nos disso assim que pudemos, até porque morríamos de vergonha perante os nossos irmãos, cinco anos mais velhos. Quanta maturidade e nós naquilo...
Entretanto, vamo-nos mantendo “entre o sol e a sombra”. A Teresa, quase sempre, mais solarenga.

Em 2002 decidiram apostar num projeto próprio. Qual foi a principal motivação?
R: Reduzir a insegurança quanto ao nosso futuro profissional, “antecipar riscos e perigos”.
Nessa altura, pairava sobre todos a já carregada nuvem da crise.
Tornou-se essencial encurtar caminho e acelerar, evitar que a ambição e o tempo nos escapassem.
Condições mínimas reunidas, ala que se fazia tarde. Para onde? Para o mercado nacional. Haverá júri mais exigente na apreciação do trabalho de artistas portugueses?
Em Janeiro de 2002, apresentámos aqueles que viriam a ser os primeiros objetos THJané – uma vasta coleção de puxadores de cerâmica, assente em formas cónicas e motivos orgânicos, projetada ao longo dos últimos 4 meses do ano anterior, com a particularidade (de que muito nos orgulhamos) da rosca «esculpida» na própria cerâmica.



E quais foram as maiores dificuldades?
R: Encontrar «as» parcerias para representação e comercialização dos produtos.
É certo que entrámos no mercado com uma facilidade surpreendente. Até pela nossa inaptidão para angariar contactos em bares e outras festas que, desde logo, inviabilizou o recurso à velha fórmula.
Mas não bastou. Foi fundamental garantir o respeito mútuo por compromissos, investir no conhecimento e clarificação de missões.

Cresceram rodeadas por fotografia, livros e objetos originais. A arte tem estado sempre presente na vossa vida, desde o piano à cerâmica. O que vos deu bagagem, certamente. São muito exigentes com o vosso trabalho?
R: Muito.
Independentemente de referências, talentos ou capacidades, por um lado, há que manter a História presente, por outro, não menosprezar a habilidade dos nossos contemporâneos.
É que não podemos ser «autistas». Na certeza de que haverá sempre alguém que o fará melhor que nós, preferimos acreditar em identidades próprias que primam pela diferença.
Na última feira do livro, em Lisboa, a propósito do seu caderno “Fui para Sul”, perguntei a Agualusa “para quando o próximo livro, acompanhado por ilustrações do autor?”.
Respondeu-me “Há quem faça muito melhor!”. É bem verdade... mas não da mesma forma.
Voltando à sua questão, a exigência tornou-se, para nós, um fator fundamental, que podemos revelar  na construção de conceitos, no detalhe ou no acabamento das peças.

Organizam os dias ou trabalham por instinto?
R: Já lá vai o tempo em que era possível planear a atividade a 4 meses, depender, em exclusivo, de informações e encomendas das lojas.
Atualmente, organizamo-nos ao dia e trabalhamos, cada vez mais, por instinto.
A forte oscilação do mercado obriga-nos a um esforço acrescido em matéria de reprogramação de estratégias. Pior ainda. A Europa tornou-se uma pequena aldeia, em que a galinha do vizinho já não é melhor que a nossa! E agora? [retomamos este assunto numa próxima questão]

E trabalham juntas ou cada uma para seu lado?
R: Meio meio. 
Podemos passar o dia cada uma para seu lado. Mas chega o tempo em que voltamos à discussão, à resolução de problemas e à negociação de consensos. Em seguida, passa-se o testemunho e volta-se ao trabalho individual.



Costumam usar as vossas peças?
R: Sempre que possível.
No caso das jóias, até começou com umas pulseiras que resolvi fazer para mim, sem intenção de as enquadrar no projeto. Alguns meses mais tarde, em 2004, a Dupla Rectângulos viria a ser testada na loja Poeira, em Lisboa, entre puxadores e amostras de decoração de interiores.  
Por hábito, quando usamos as nossas peças, costumamos misturá-las com outros acessórios, mesmo não sendo made in THJané. Aliás, foi o que tentámos sugerir quando apresentámos a gargantilha UING com uma medalha da Nª Sª do Carrapito.

Existe UMA peça especial?
R: O Braille.
Esta peça que mantivemos em estudo durante um ano, foi, originalmente, pensada para outro material, a prata. E consistia apenas na chapa.
O orçamento para a sua execução chegaria demasiado tarde. Voltámos a antecipar-nos e, enquanto exasperávamos pelo dito orçamento, fomos trabalhando uma nova solução. Foi assim que o Braille chegou às lojas poucos dias antes do Dia dos Namorados, no ano de 2006.
É, sem dúvida, a peça mais democrática que alguma vez idealizámos. Acessível no preço, conquistou a generalidade do público e, até hoje, mantém-se à venda no mercado.
Também é a mais controversa. Arte ou crafts? O que quiserem.
Foi adquirido por Robert Duffy, por uma estudante portuguesa de História D'Arte, por responsáveis do MoMA e por todos os outros a quem, desde já, agradecemos a preferência.


Têm projetos para um futuro próximo?
R: Sim.
Hoje, como ontem, esforçamo-nos por levar a tempo inteiro esta nossa atividade. Até aqui, tem sido possível fazê-lo.
Em 2010 valeu-nos retornar com a nossa bijuteria ao mercado (atualmente, é possível encontrar a coleção origens no roteiro de lojas entre a Baixa e o Castelo de São Jorge).
Quanto a novos trabalhos, destacamos a coleção de jóias wearable art, para meados de Outubro. Podemos adiantar que se trata de uma edição limitada, com novas, digo, velhas mensagens, assente em esculturas assinadas pela Teresa. À semelhança da coleção mundus, recorreremos a outras técnicas e materiais para além da cerâmica.



Para além de se dedicarem a este projeto, que outras coisas gostam de fazer?
R: Esta vai por tópicos, sem arrumação:
apanhar plantas no lixo dos outros e trazê-las ao jardim da casa;
IR ao cinema;
passear a pé pela grande Lisboa, se possível, em dias de semana;
sessões de slides e fotografias;
praia
(...)

E, no dia-a-dia, o que menos gostam de fazer?
R: Nada tem de original, mas não há meio de gostarmos do trabalho doméstico. Aspirar, passar a ferro, cozinhar ou fazer supermercado; camas de lavado, casa de banho, limpar o atelier e sei lá mais o quê..... Safa!

Sugiram alguém português que, para ambas, seja inspirador.
R: O Maestro José Atalaya, pela Música e pela divulgação dos músicos. Mais, não esqueçamos o que faz pelo público em geral. É absolutamente incrível.
Lembro-me que durante as sessões de “Música em Diálogo” no São Luiz, a que costumávamos assistir com os nossos pais e irmãos, inexplicavelmente, este Grande senhor conseguia manter-nos presas à cadeira.
Décadas mais tarde, longe de ficar preso à cadeira (chegou mesmo a deitar-se de costas, perninhas no ar), o nosso sobrinho Simão assistiu pela primeira vez a uma destas sessões no Atlântida Cine, em Carcavelos. No final, ficámos com a ideia de que talvez fosse cedo de mais ou que, para estreia, não tivessemos escolhido o programa mais adequado à sua idade (6 anos).
Reza a história que no dia seguinte, a caminho da escola, sem mais nem ontem, se virou e disse “Gostei mais do Carlos Seixas, mãe” (pobre Scarlatti).
E aí vai mais um. Ainda hoje tentamos perceber como é que Atalaya o faz.

15/03/2012

galeria entrevista Rita Balixa

Esta quinta-feira também é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Rita Balixa.


A Rita nasceu em Lisboa mas vive no Seixal.
Licenciou-se em escultura pela faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa mas sempre praticou e se interessou pelo desenho. Assim que terminou a licenciatura decidiu dedicar-se à ilustração. A sua verdadeira paixão.
Atualmente trabalha exclusivamente como ilustradora freelancer e adora o que faz. Dedica-se sobretudo ao público infantil e é uma ávida consumidora de livros relacionados com este universo. Ilustra crachás, tabletes de chocolate, cria personagens e recentemente ilustrou o livro O Velho, o Rapaz e o Burro para a editora Zero a Oito.
A Rita tem portfólio online e um blogue chamado as coisas dela, que vai atualizando sempre que pode. Confessa que adora passear por blogues alheios e ver as coisas bonitas que os outros fazem.
Trabalha habitualmente em formato digital mas é também uma apaixonada por colagens.

"Não há nada como sentir as texturas do papel, escolher as cores e no fim ter um objeto físico nas mãos, coisa que o digital não permite".

as-coisas-dela.blogspot.com
behance.net/ritabalixa



A sua verdadeira paixão é a ilustração. A escultura ficou arrumada numa gaveta?
R: Sim, a escultura acabou por ficar arrumada numa gaveta. Não que não goste dela mas a ilustração falou sem dúvida mais alto.

Quando é que se começou a interessar pelo universo infantil?
R: Acho que foi mais ou menos aos 18 ou 19 anos, quando uma pessoa começa a crescer e aprende a levar-se menos a sério e deixa de ter vergonha de mostrar o seu lado mais tolinho e infantil. Foi também nessa altura que tive a sorte de apanhar um bom professor de artes que me apresentou o Photoshop e com ele todo um novo mundo de hipóteses para explorar a ilustração.

Quais são as maiores dificuldades que enfrenta uma ilustradora freelancer?
R: As maiores dificuldades são os pagamentos, arranjar bons trabalhos é difícil, mas receber pelos trabalhos que consigo a tempo e horas é uma verdadeira aventura. Existe uma grande falta de confiança da parte de muitas empresas, onde só a ideia de pagar uma percentagem do trabalho antes de estar pronto é quase uma blasfémia.



De todos os trabalhos que já fez, há um preferido?
R: Bom, tenho alguns trabalhos que me deram especial gozo a fazer mas o meu favorito foi mesmo o livro que ilustrei para a editora Zero a Oito, pois vai de encontro ao que eu mais quero fazer no mundo da ilustração, livros infantis. E depois tem também a componente de não ser só uma mão cheia de ilustrações com determinadas características, trata-se de ilustrar uma história, criar uma narrativa, dar-lhe vida e dinâmica, é um grande desafio e um grande gozo todo o trabalho que isso envolve.

A Rita é uma ávida consumidora de livros infantis. Que histórias gostaria de ter ilustrado?
R: Há uma história do Oliver Jeffers chamada "Stuck", muito non sense que conta a história de um rapaz que fica com o seu papagaio de papel preso numa árvore e tenta recuperá-lo de uma forma muito pouco convencional, essa é sem dúvida uma das histórias que gostaria de ter ilustrado.


Ilustrou um livro para a editora Zero a Oito. Como é que surgiu esta oportunidade?
R: Bom, este livro surgiu alguns meses depois de ter contactado a editora para mostrar o meu portfolio e oferecer os meus serviços como ilustradora. Num bonito dia solarengo de Verão fui contactada pela Zero a Oito pois tinham um livro que gostariam de ver ilustrado no meu estilo e gostariam de saber se eu estava interessada e eu mais interessada não podia estar, aceitei o desafio e comecei imediatamente a pensar na história e no que poderia fazer a partir dela.

Normalmente, fica contente com o resultado final dos seus trabalhos?
R: Normalmente só publico trabalhos nos quais estou satisfeita com o resultado final, no entanto essa satisfação é sempre temporária e ao fim de pouco tempo já estou a pensar que se calhar devia ter desenhado de outra maneira ou que podia ter mais volume, ser mais dinâmico... Chego até a refazer alguns deles passados meses ou mesmo anos por gostar da ideia mas já não gostar da concretização.



Quais são os blogues que gosta de visitar?
R: Tantos blogues...vou dizer apenas alguns, se não nunca mais saíamos daqui. Ora, blogues portugueses, gosto muito da  Prateleira de Baixo com a seleção de livros e comentários da Sara Amado, do Borbotos e Barbelas com as ilustrações da Joana Rosa Bragança, do Ilustrana com os trabalhos e reflexões da Ana Oliveira, do Mãe Galinha com as histórias e desabafos da Rita Quintela acerca dos seus quatro filhos e do seu dia-a-dia atribulado. Nos blogues internacionais, posso usar como exemplo o Una flor de papel com as magnificas colagens da Cecilia Afonso Esteves e o Geninne's Art Blog com o lindíssimo trabalho da Geninne. Mas há tantos mais que me inspiram.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Tento o mais que posso organizá-los. Não sou nada madrugadora mas costumo compensar trabalhando até tarde, gosto muito do sossego da noite para trabalhar. Sendo freelancer, nem sempre é fácil ter uma agenda super organizada a longo prazo pois podem sempre surgir trabalhos sem aviso prévio e assim sendo tento manter um ritmo compensado nas alturas em que não tenho trabalhos com os meus projetos pessoais. Esforço-me por ter sempre um objectivo, quer seja participar num concurso ou ilustrar um tema qualquer que me surgiu. Desenhar muito dá-me vontade de desenhar mais ainda e assim sendo faço por não estar parada.



Tem projetos para um futuro próximo?
R: Sim, tenho uma história que quero ilustrar e um monte de ideias para o fazer. Tenho-a guardada para os tempos livres e ando muito entusiasmada a esboçar em volta dela.

Para além de desenhar, o que mais gosta de fazer?
R: Gosto muito de ler, de passear, ver exposições, beber cafés em esplanadas simpáticas e conversar, adoro trocar ideias com outras pessoas.


E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Passar a ferro é sem dúvida o meu terror do dia-a-dia.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Para além das pessoas já mencionadas na parte dos blogues inspiradores posso juntar à equipa os membros do Planeta Tangerina, o André da Loba, o André Letria e por aí fora...

03/03/2012

galeria apresenta Festival Internacional de Chocolate

A magia da Disney chegou ontem a Óbidos e vai ficar até dia 25 de Março.
Com ou sem crianças, a 10ª edição do Festival Internacional de Chocolate é um evento de paragem obrigatória.
Concursos, espetáculos, demonstrações e muitas actividades sempre com chocolate.


Este ano combina-se o chocolate com a Disney e o resultado é a recriação do filme À procura de Nemo, O Castelo da Bela Adormecida com 2,5 m de altura, o Mickey, a Minnie, Piratas das Caraíbas, Peter Pan e personagens do filme Cars.
Para além das personagens, o evento conta com os habituais concursos de gastronomia ligados à pastelaria, estando garantida  a presença de profissionais e entusiastas de vários pontos do mundo.
Quem se fartar de tanto chocolate tem karts, bar de gelo, histórias, música, dança e cinema.
O Festival Internacional de Chocolate de Óbidos estará aberto ao público às sextas, sábados e domingos, até 25 de março. As entradas custam 5 euros para as crianças (até aos 12 anos) e 7 euros para os adultos.

festivalchocolate.cm-obidos.pt

27/02/2012

Alexandre Farto (a.k.a. Vhils)

O Alexandre nasceu em Lisboa em 1987. Cresceu no Seixal, na Margem Sul.
Tinha apenas 10 anos quando se interessou pelo graffiti e começou a pintar (mais a sério) na rua com 13 anos. Primeiro nas paredes e mais tarde em comboios, com amigos ou sozinho. Em Portugal e depois um pouco por toda a Europa. Viajava para ir pintar comboios.

foto daqui
Diz que o graffiti lhe deu a base para decidir o seu futuro profissional. Passou da lata de spray para o stencil e mais tarde explorou outras ferramentas e processos.
Começou a perceber que o graffiti vive num círculo fechado de pessoas mas que na rua havia grande potencial de comunicação. Já farto de pintar em paredes ilegais, passou para os posters de publicidade. Pintava-os de branco e escavava as camadas de anúncios acumulados. Experimentou voltar às paredes e esculpi-las também. E foi assim que conquistou o mundo.





Desde os 19 anos que vive em Londres, onde tirou um curso de Belas Artes na St. Martin''s School. Foi lá que começou a ser conhecido, e conseguiu que a sua street art de retratos anónimos em paredes danificadas ou fachadas de casas devolutas lhe valessem o reconhecimento mundial.
Convidaram-no para expor no Cans Festival, evento organizado pelo Banksy e foram surgindo bons convites como a Lazarides Gallery, em Londres e a Studio Cromi, em Itália.
Tem trabalhos espalhados em espaços públicos de várias cidades do mundo como Londres, Moscovo, Nova Iorque, Los Angeles, Grottaglie, Bogotá, Medellín e Cali. Por cá, um pouco por todo o lado, Torres Vedras, Porto, Lisboa (por exemplo na Lx Factory ou na Fábrica do Braço de Prata).




Normalmente é o Alexandre que escolhe o lugar onde crava a sua arte mas também tem recebido convites para fazer intervenções em vários locais.
Acredita que o processo de trabalho é mais importante do que o resultado final e por isso filma todo o processo. "Um dos conceitos fundamentais que exploro reside no ato de destruição enquanto força criativa, um conceito que trouxe do graffiti – um processo de trabalho através da remoção, decomposição ou destruição ligado à sobreposição de camadas históricas e culturais que nos compõem.
Acredito que, de forma simbólica, se removermos algumas destas camadas, deixando outras expostas, podemos trazer ao de cima algo daquilo que deixámos para trás".
Escolhe rostos anónimos baseados em fotografias. Gosta de dar um rosto à cidade e de dar poder a pessoas comuns.
Usa explosivos e martelos pneumáticos para esculpir e dar textura, técnica que tem vindo a desenvolver. Mas não só, também usa lixívia, produtos de limpeza, ácidos corrosivos e café juntamente com os tradicionais sprays, stencils e tintas.
A convite da editora holandesa Lebowski publicou o livro Vhils/Alexandre Farto Selected Works 2005-2010, uma compilação dos seus trabalhos em paredes e suportes como metal ou madeira.
Recentemente esculpiu numa parede de Berlim um retrato da chanceler alemã Ângela Merkel.




É conhecido em todo o mundo como Vhils. Os seus retratos contrastam o novo com o antigo, de forma complexa e ambiciosa mas poética.
Vale a pena ver e ouvir o vídeo em baixo, uma parceria entre Vhils e os Orelha Negra que se juntaram para criar um vídeo para M.I.R.I.A.M. O vídeo foi realizado e editado por Vhils e teve como diretor de fotografia Vasco Viana. Os explosivos foram da responsabilidade da Pirotec. A música é dos Orelha Negra.

alexandrefarto.com

20/02/2012

Ana Salazar

Nasceu em Lisboa em 1941. Estilista, considerada a pioneira da moda em Portugal.
Começou a ler antes de chegar à escola, em casa e ainda adolescente já andava com a Elle francesa dentro do saco. Depois, mais tarde, Sartre e o existencialismo foram também motivo das suas leituras. Teve aulas de piano, fez patinagem, e gostava de fazer vestidos para si própria com a ajuda da avó, que tinha sido modista de alta costura, e com quem ia passear até à Baixa.


Sempre soube que o seu futuro iria estar ligado aos "trapos". Em 1972 abriu a sua primeira loja em Lisboa, a Maçã, onde vendia peças de roupa que escolhia em Londres. Passado algum tempo desenvolveu uma marca chamada Harlow, para exportação e também para comercialização na Maçã. A coleção da Harlow foi mostrada na FIL, num stand inspirado no cinema, uma coisa muito à frente do que se fazia na altura. A partir daqui revolucionou a forma de apresentar roupa em Portugal, através de acontecimentos de moda, como desfiles destinados a grandes audiências, exposições e outros eventos. Com cenários, com histórias.
Depois começou a criar coleções com o nome Ana Salazar e a vendê-las nas suas próprias lojas e em outros estabelecimentos, em Portugal e no estrangeiro. O seu nome foi durante muito tempo sinónimo de moda portuguesa. Abriu uma loja em Paris, que foi considerada pela revista francesa Marie Claire como um dos novos templos da moda. No ano 2000, apresentou a sua primeira coleção destinada a homens.



Ana Salazar abriu portas a muitos estilistas portugueses e foi também a primeira pessoa em Portugal a conceber linhas ou produtos de autor, paralelamente à criação de pronto a vestir.
Desenhou fardas para a TAP (air atlantis), para a CP e uniformes para o pavilhão português da Exposição Universal de Sevilha, lançou perfumes, roupa de casa, óculos e fez figurinos para várias peças de teatro. Também fez uma coleção de azulejos e uma coleção de cristais para a Atlantis e levou uma escultura de sua autoria à exposição Variations Gitanes no Museu do Louvre.


Do seu currículo fazem parte vários prémios de carreira, e foi distinguida com a Grande Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Há poucos dias, Ana Salazar anunciou que deixa a empresa que criou há 30 anos com o seu nome e que entretanto vendeu na totalidade, passando a desempenhar exclusivamente funções de diretora criativa.

"É com profunda tristeza que anuncio que a partir de hoje cesso qualquer colaboração com a empresa Ana Salazar, Lda, que criei há muitos anos (...) Pela primeira vez desde a sua criação, não irei participar na próxima edição da Moda Lisboa, nem de qualquer outro evento, pois não foi produzida a coleção Outono Inverno 2012 / 13. Mas eu não vou desistir. A Justiça restaurará o meu nome e a minha liberdade de criar. Muito em breve estarei de volta".

Esperemos que sim.

04/02/2012

galeria apresenta CRU

É hoje entre as 16h e as 20h, a inauguração da Loja CRU, no Porto. Uma loja de criadores e também um espaço de co-working.
Vá até lá, apoiar os criadores portugueses.

Foi a partir da compreensão das necessidades de pessoas ligadas a atividades criativas que surgiram soluções que passam por espaços de exposição personalizados e trabalho em espaço compartilhado.
Concebida e pensada para uma comunidade artística prática, colaborativa e despreconceituosa, a CRU arrenda as pequenas “lojas” e micro-estúdios nos 410m2 das suas instalações.


Tânia Santos, quando soube que este espaço da Rua do Rosário ficou vago, tratou de arregaçar as mangas e iniciar este projeto que conta também com a participação de Miguel Ferreira (músico dos Clã e Blind Zero), a joalheira Áurea Praga (autora da série “I’m All Ears“) e o tradutor e lojista Francisco Casaca.
A loja tem capacidade para 40 criadores, mas começa por ter 12, entre eles: o sapateiro José Machado, Áurea Praga, Leonor Zamith (com estacionário de ilustrações para os mais novos), Joana Teodoro e Ana Modesto (roupa), Maria João dos Reis (acessórios) e as peças em cartão do Oupas! Design.
Na zona de co-working, haverá espaço para computadores e para máquinas de costura. A oficina comum permitirá trabalhos manuais.


São aceites os trabalhos de criadores profissionais ou amadores, nacionais e internacionais, nas áreas de design de moda, acessórios, bijutaria, decoração da casa, produtos para crianças, fotografia, ilustração, pintura, etc.
Cada criador pode decorar e personalizar o seu espaço livremente. Cada espaço é assim um micro ambiente que poderá refletir o perfil de cada marca.

cru-cowork.com
facebook

Rua do Rosário, 211
(em frente ao hotel das Artes)
Porto

03/01/2012

galeria entrevista Joana Nogueira

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Joana Nogueira.

A galeria portuguesa lançou o desafio (Eu devia estar aqui) e a Joana aproveitou. Enviou um e-mail e apresentou o seu trabalho. Parabéns!


A Joana tem 22 anos e é licenciada em Artes Plásticas pela ESAD das Caldas da Rainha, onde percorreu várias áreas como a gravura, a pintura e a fotografia.
Quando terminou o curso deu aulas durante 2 anos, em simultâneo desenvolveu um projeto chamado The Punpis Family. Uma família de monstros amistosos, personagens que criou e que surgiram por brincadeira, no Natal de 2009, quando fazia um presente para o namorado. Depois foram surgindo novas ideias, novas personagens, o nome da família e várias notas escritas com pequenos detalhes sobre cada um deles. O projeto passa, entre outras coisas, por telas, acessórios de moda, objetos de decoração, apontamentos para livros e ilustrações de histórias.

joananogueira.carbonmade.com
filterfoundry.com/Joananogueira


The Punpis Family é uma família de monstros. Fale-nos um pouco sobre esta família.
Esta família nasceu de uma brincadeira... mas a brincadeira foi crescendo e dando origem a outras criaturas. Comecei apenas por desenhos e apontamentos, depois passei a utilizá-las na pintura, talvez porque era a técnica mais familiar que trouxe das artes plásticas. Mas neste momento ultrapassaram a barreira da pintura, e as personagens cresceram noutros sentidos: objectos de decoração, acessórios...


Deu aulas durante dois anos. Os seus alunos conheceram o seu projeto? Como reagiram?
Sim! Os meus alunos do secundário conheciam o projeto e acompanhavam no facebook... Quando eu publicava algo de novo que tinha feito, algumas alunas no dia seguinte... pediam para ensinar a fazer: «Stora, eu gosto é daqueles bonecos que a stora faz! Podia-nos ensinar!!»

As crianças gostam destes monstros?
Os Punpis surgiram sem pensar num publico específico, mas à medida que o tempo passa e que as personagens são divulgadas e comercializadas reparo que há peças mais específicas para as crianças. Os pais gostam de lhes oferecer... e elas parecem gostar muito de as receber!


Onde estão à venda?
Neste momento estão à venda em várias lojas de peças de autor em Portugal - Porto, Póvoa do Varzim, Coimbra, Lisboa e Vilamoura - e em Espanha - Barcelona.
E claro... através da internet: no facebook as pessoas entram directamente em contacto comigo e compram as peças disponíveis ou encomendam algo em especial... mas também estão divulgados em dois sites: joananogueira.carbonmade.com e em filterfoundry.com/Joananogueira.
Muito recentemente criei um site de vendas pelas internet, mas que ainda se encontra em construção...
Aproveito para divulgar também, que neste momento estão à venda na Praia de Moledo (Viana do Castelo), numa exposição que está patente até ao final do mês de Dezembro. Sei que para a maioria não é possível visitar, mas deixo a sugestão para aqueles/as que o conseguirem fazer.

E quem é que os costuma comprar?
Posso dizer que tanto uma miúda da minha idade os compra como um senhor reformado.
Não compram os dois a mesma peça: a ''miúda'' compra um colar e o ''senhor reformado'' compra um candeeiro.
E é essa diversidade de peças que procuro fazer para que ninguém se sinta discriminado :)


Que sonhos tem para esta família de monstros?
Tenho muitas ideias para por em prática... mas sonho seria vê-los em stopmotion! ... algo que irei fazer quando disser ''É Hoje!''

Pensa em voltar a dar aulas?
Estive dois anos a dar aulas... e gostei da experiência! Este ano não se proporcionou e dedico-me a tempo inteiro aos Punpis, mas não digo que não voltarei para uma escola.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
Penso que quando conciliava este trabalho com as aulas conseguia ser mais organizada... uma vez que o tempo que tinha para me dedicar a eles era escasso. Hoje em dia programo dia-a-dia, o que vou fazer amanhã e depois de amanhã e depois e depois... a verdade é que há sempre algo que ficou de ontem para hoje, e amanhã penso em algo novo para fazer que toma o lugar daquilo que já estava destinado...


Tem projetos para um futuro próximo?
Tenho projetos... Continuar a trabalhar estas personagens e levá-las mais além: ilustrar contos, transformá-las em mascotes, passar para a animação...
Um outro projeto é de fazer uma (longa) pausa, pegar na mochila e na máquina fotográfica, e viajar pelo mundo sem pressas. Tenho muita vontade de conhecer dois pontos opostos: a Índia e a América do Sul. 

Para além das artes plásticas, o que mais gosta de fazer?
Adoro fotografia! Sou capaz acordar e entrar num laboratório de fotografia... ficar por ali ''às escuras''... e quando dou conta, o dia também escureceu.
Gosto muito de fotografia analógica, embora ultimamente utilize mais a minha câmara digital. A verdade é que os custos não se comparam, e desde que voltei para Moledo ainda não encontrei um laboratório de fotografia onde possa trabalhar. Se por acaso alguém souber ou tiver um local disponível eu estou completamente interessada!
E depois gosto daqueles momentos que toda a gente gosta: ir a praia e brincar com o cão, passear ao fim da tarde, ver um filme debaixo dos lençóis a comer pipocas...

E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
A parte mais difícil do meu dia é mesmo o início. Eu adoro dormir!

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
Na verdade inspiro-me em lugares que visito ao acaso, em pessoas que encontro na rua... É assim que as minhas ideias vão surgindo.