30/11/2011

Rita Blanco

A Rita Blanco nasceu em Oeiras em 1963. Concluiu o Curso de Formação de Atores do Conservatório Nacional, em 1985.
Entrou em filmes de Manoel de Oliveira, João Botelho, João Mário Grilo, João César Monteiro, vários de João Canijo, entre outros. Pisa habitualmente os palcos e em televisão já fez praticamente tudo. Desde a comédia ao drama, das séries à apresentação de programas, passando pela publicidade.
O Prémio Garrett, ganhar o Globo de Ouro ou ser procurada pelo Michael Haneke para entrar num filme seu, não lhe retirou humildade. Fica muito contente quando as pessoas gostam do seu trabalho mas a modéstia faz com que ache que fica aquém do que devia.
Vale a pena ver "Sangue do meu sangue" de João Canijo, filme português que estreou em Outubro e foi premiado no Festival de Cinema de San Sebastián. Narra uma história de amor incondicional na periferia de Lisboa. Rita Blanco, construiu e interpreta uma mãe solteira. Foi distinguida com o prémio de melhor atriz no Festival Caminhos do Cinema Português 2011 que decorreu este mês em Coimbra.


"Gosto imenso de pessoas. Quero estar mesmo próxima das pessoas e falar sobre as pessoas. Sabem porque leio? Para ser atriz, viver aquelas vidas todas. Todos os dias me comovo com as pessoas, com a fragilidade, com a solidão... as pessoas estão muito desprotegidas. As pessoas valem muito a pena, eu só sou atriz para falar sobre as pessoas."
(Rita Blanco em entrevista ao Ípsilon, a propósito do filme "Sangue do meu sangue")



fotos daqui, daqui e daqui

29/11/2011

galeria entrevista Inês Nogueira

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Inês Nogueira.


A Inês é designer de formação mas atualmente a sua vida gira à volta dos tecidos. Vende alcofas de bebé e de bonecas, mantas, lençóis, etc. através da marca PACOTE criada por si em 2008. É também a autora do blogue CADERNO BRANCO onde, regularmente, escreve sobre trabalhos manuais e pequenos prazeres do quotidiano.
Tem duas filhas de quatro e sete anos e vive em Lisboa.

cadernobranco.wordpress.com
pacoteshop.wordpress.com

No seu blogue afirma que é de Lisboa e vive em Lisboa. Lisboa tem um encanto especial para si?
R: Gosto muito de cidades e tenho a sorte de já ter estado em várias delas fascinantes. Quando penso em viagens os destinos que mais me atraem são sempre as cidades. Lisboa tem um encanto especial, claro que sim, porque é o sítio que conheço melhor no mundo e porque é uma cidade única. Fala-se sempre da luz de Lisboa e é mesmo verdade que é uma luz especial.
Nos últimos anos têm acontecido muitas coisas boas em Lisboa: tornou-se, como nunca, uma cidade cosmopolita e muito mais virada para a rua – os jardins públicos enchem-se de gente, há quem ande de bicicleta e o rio está muito mais presente na vida das pessoas do que quando eu era pequena. Lembro-me de ouvir os adultos queixarem-se de que a cidade vivia de costas para o Tejo. Isso já não é assim.
Também há coisas muito más a acontecer: a Baixa está a morrer porque ninguém lá vive, há cada vez mais condomínios fechados – a ideia de se querer viver numa redoma, sem contacto com aqueles que são diferentes de nós, é uma coisa que me arrepia.
Para mim a coisa mais importante na escolha de uma casa é o sítio. Eu já mudei umas 14 vezes de casa, sempre no centro de Lisboa e em casas antigas. Aquele fascínio de muitas pessoas por casas "prontas a estrear" não me diz absolutamente nada. Eu gosto mesmo é de casas velhas em ruas velhas na parte velha da cidade. Agora vivo em Campo de Ourique e gosto porque é um bairro muito simpático, cheio de vida e com uma enorme mistura de pessoas, mas de alguma forma sinto-me um bocadinho deslocada do meu sítio. No que diz respeito à cidade, os anos em que vivi no Bairro Alto e ao lado do Príncipe Real foram aqueles em que me senti mais em casa.
Eu presto muita atenção aos pormenores e, por isso, quanto mais animado, variado e com coisas a acontecer um sítio é, mais ele me inspira e diverte. Não me imagino a viver no campo. Talvez um dia isso mude.


É designer de formação mas deixou de exercer. Porquê?
R: Trabalhei no departamento de design de uma grande agência de publicidade, depois passei uns tempos num atelier mais pequeno e a seguir estive em part-time numa empresa pública. Quando a minha filha mais velha nasceu eu já me tinha tornado freelancer e, como optámos por tê-la em casa até quase aos dois anos, eu acabei por dedicar esse tempo muito mais a ser mãe do que a investir na minha profissão. Nunca deixei de trabalhar em design, mas a quantidade de projectos foi diminuindo e, como aos poucos a costura foi tendo um lugar preponderante na minha vida, fui gradualmente substituindo uma coisa pela outra. Quando criei o meu blog isso tornou-se mais definitivo porque comecei a ter o entusiasmo de muitas pessoas a apoiarem-me e isso foi emocionante. E a verdade é que a minha paixão pelo design foi substituída pela paixão pela costura e pelos tecidos.


Como e quando apareceram os tecidos?
R: Os tecidos sempre fizeram parte da minha vida. A minha mãe sempre teve a casa cheia de caixas de tecidos, cestos de lãs, gavetas cheias de botões antigos e várias máquinas de costura. Todas as semanas ia lá a casa a D. Margarida, uma costureira que também trabalhava em casa da minha avó, que passava um dia inteiro a costurar para a família toda. A minha mãe tem uma retroseira escondida dentro dela, a verdade é essa. Provavelmente por isso eu cresci a saber que há sempre a possibilidade de fazermos o que quisermos com as mãos, a vontade e uma máquina de costura. Nem sei como ou quando aprendi a coser à máquina. Há pouco tempo descobri, com enorme surpresa, que não foi a minha mãe que me ensinou, porque ela própria não o sabe fazer. Sempre achei que sabia. Portanto, ou aprendi com a D. Margarida ou com a minha avó ou sozinha. Acho que o mais provável é ter sido sozinha, vendo e experimentando.
Houve um marco importante na minha relação com os tecidos que foi o nascimento da minha primeira filha. Porque até aí a costura tinha tanto peso na minha vida como muitas outras actividades manuais. Desde os cinco ou seis anos que faço tricot, em adolescente fiz e vendi cadernos feitos à mão, fiz doces para restaurantes e para a mercearia ao lado de minha casa, fiz ilustrações para uma revista, máscaras de carnaval para as várias crianças da família e dos amigos... Olhando para trás vejo que sempre fui uma fazedora e isso sempre foi muito valorizado pela minha família.

E a fotografia?
R: Passei grande parte da adolescência decidida a ser fotógrafa. Escolhi essa área na António Arroio e depois fui para o AR.CO. Passei muitas horas enfiada em câmaras escuras e cheguei a ter um laboratório montado no meu quarto. Tive a sorte de apanhar o departamento de fotografia da António Arroio numa altura em que tinha havido um grande investimento em material fotográfico. Os alunos que não tivessem máquina fotográfica podiam pedir uma emprestada, por exemplo. E tinhamos à disposição os rolos de filme e o papel fotográfico de que precisássemos para trabalhar. Só mais tarde, quando fui estudar para o IADE — onde se pagavam propinas altíssimas e mesmo assim tinha de se pagar qualquer fotocópia que fosse precisa — é que tomei consciência do luxo que era ter estado numa escola pública com tão boas condições de trabalho.
Quando comecei a estudar design, e durante os primeiros anos em que trabalhei como designer, apaixonei-me totalmente pelo meu trabalho. E a fotografia foi posta de lado. Passei anos sem pegar numa máquina, até ser mãe. Aí, pela vontade de registar a infância da minha filha e com a facilidade das máquinas digitais, voltei a encantar-me pela fotografia. Com o blog passei a querer fotografar tudo o que me rodeia e que me interessa. Hoje em dia sair de casa e esquecer-me de levar a máquina tornou-se uma tortura. Fico sempre com medo de não poder registar alguma coisa que encontre pelo caminho.


O seu blogue transmite muita serenidade e calma. A Inês é mesmo assim?
R: Muitas pessoas me perguntam o mesmo. Penso que sou assim e também sou o oposto. Há quem me ache muito tranquila e quem me ache um furacão. A maternidade deu-me uma certa inquietação que eu não tinha. Não sei analisar muito bem isto mas o facto de ser mãe criou-me um estado de alerta permanente que não me deixa estar completamente sossegada nunca. Por outro lado sempre tive uma enorme necessidade de criar harmonia à minha volta. De qualquer forma, em relação ao blog, ele não me mostra na totalidade nem à minha vida toda, mas é completamente pessoal. Tudo o que lá está é real e sou eu. Falta o resto — os dias confusos e cansativos, as dúvidas e o mau humor, como acontece com toda a gente. Simplesmente na altura de escrever não é sobre isso que me apetece falar porque não o acho muito interessante e porque me apetece mais pensar em coisas boas.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Tento organizar mas trabalho muito mais por instinto. Estou sempre a querer melhorar isso porque muitas vezes me disperso, tal é a quantidade de coisas que me interessam e em que me envolvo. Quando for grande hei-de conseguir.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Tenho vários projectos encaminhados e umas mil e quinhentas ideias sempre a borbulhar na cabeça.

Para além dos tecidos, o que mais gosta de fazer?
R: Fotografar, ler, mudar o sítio dos móveis, cozinhar, fazer surpresas às minhas filhas, dar presentes, mudar de casa, ver séries a comer gelado, fazer listas disto e daquilo, ler jornais, procurar livros velhos em alfarrabistas, viajar, viajar, viajar, ...


É fácil conjugar a sua profissão com a maternidade?
R: Não é fácil mas, felizmente, é possível. Trabalhar em casa tem vantagens e desvantagens, como tudo. Por um lado é muito bom porque está tudo perto e posso saltar do trabalho para os assuntos domésticos num minuto. Por outro lado é difícil porque rapidamente dou por mim a fazer dez coisas ao mesmo tempo e a não conseguir concentrar-me como queria numa coisa só. Mas no geral acho que tenho muita sorte por poder gerir o meu tempo como acho melhor. Passo muitas noites a trabalhar quando a casa está mais sossegada e isso seria muito mais complicado se trabalhasse noutro sítio.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: A resposta óbvia é a Rosa Pomar. Admiro imenso o trabalho da Rosa e acho que ela tem inspirado muitas pessoas com a forma tão pessoal quanto altamente profissional como tem gerido o seu percurso. Também gosto muito do trabalho da Rita Cordeiro e da sua marca Wooler, dos bonecos Matilde Beldroega, da cerâmica da Paula Valentim, da loja on-line Noussnouss que é um deleite para os olhos, da A Vida Portuguesa e dos Quiosques de Refresco da Catarina Portas, dos livros da Planeta Tangerina, do trabalho gráfico do Jorge Silva... é difícil parar. Felizmente há muitas pessoas inspiradoras. Concentremo-nos nelas :)

28/11/2011

Manuel António Pina

Poeta, autor de livros para crianças, tradutor, professor e cronista.
Manuel António Pina nasceu na Guarda em 1943. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.
Foi jornalista profissional no Jornal de Notícias, onde desempenhou funções de editor e chefe de redação. Continua a colaborar regularmente na comunicação social e é considerado um dos melhores cronistas de língua portuguesa.
Escreveu “O País das Pessoas de Pernas para o Ar” em 1973, foi o seu primeiro livro para a infância. Um ano depois, estreou-se na poesia com o livro “Ainda Não É o Fim nem o Princípio do Mundo Calma É Apenas Um Pouco Tarde”. Depois de publicar dezenas de livros de poesia, crónica, ensaio e literatura infantil, aventurou-se na ficção “para adultos” com “Os Papéis de K.”, em 2003.
Escreveu para teatro, cinema, televisão e BD. Tem também obras musicadas e editadas em disco.
A sua poesia encontra-se traduzida em muitas línguas e a sua obra foi homenageada com diversos prémios, como o Prémio Literário da Casa da Imprensa, o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude, o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube
de Jornalistas, o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava, o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT.
Em 2011 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o maior prémio literário de língua portuguesa. A distinção foi atribuída por consenso do júri e justificada pela "inventividade e originalidade" da obra.

Vale a pena ler a entrevista de Carlos Vaz Marques a Manuel António Pina, aqui.



imagens daqui, daqui e daqui.

26/11/2011

Camané

Camané (Carlos Manuel Moutinho Paiva dos Santos), nasceu em Oeiras em 1967.
Descobriu o fado na coleção de discos dos pais, pela voz de Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Alfredo Marceneiro e Carlos do Carmo, entre outros, que cantava depois para familiares e amigos.
Em 1979 ganhou a Grande Noite do Fado, o que lhe possibilitou a gravação de um álbum produzido por António Chainho. Passou pela Comuna, onde conheceu e se tornou amigo de José Mário Branco que passou a ser o seu produtor musical.
O percurso e a aprendizagem das casas de fado deram-lhe o que o torna diferente. O fado vadio foi a sua primeira escola. Mais tarde, a escola foi o palco.
Filipe La Féria, deu-lhe a oportunidade de pisar o palco e de se tornar conhecido. Participou na "Grande Noite"; "Maldita Cocaína" e "Cabaret".     
Depois disso gravou "Na Linha da Vida" que lhe valeu o reconhecimento como uma das vozes mais impressionantes do fado e um dos melhores trabalhos de música portuguesa do ano. Sucederam-se "Esta Coisa da Alma”, "Pelo Dia Dentro", o CD ao vivo "Camané - Como Sempre... Como Dantes", “Outras Canções”, "Ao vivo no S. Luiz", "Outras canções II" e “Sempre De Mim”.
Entre outras coisas, ganhou o Prémio “Amália Rodrigues” na categoria de melhor intérprete de fado (Masculino) e esteve envolvido no projecto "Humanos", canções inéditas de António Variações, ao lado de Manuela Azevedo e David Fonseca bem como dos músicos Nuno Rafael, João Cardoso e Hélder Gonçalves. Deste projeto resultaram dois álbuns "Humanos" e "Humanos ao Vivo" e um DVD, relativo aos concertos no Coliseu de Lisboa e Coliseu do Porto, onde revelou a sua versatilidade de interpretação.
Em 2009 foi nomeado para Melhor Intérprete nos Globos de Ouro, dois meses depois apresentou-se no Centro Cultural de Belém em duas noites esgotadas - “Carta Branca a Camané”, o fadista teve a seu lado Mário Laginha e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Gravou “Camané ao Vivo no Coliseu – Sempre de Mim” para registar esta noite memorável.
O sexto disco de originais "Do Amor e dos Dias" é deste ano, entrou directamente para nº 1 do Top Nacional de Vendas, onde se manteve por duas semanas consecutivas e já é Disco de Ouro.

www.camane.com


É amanhã revelado se o fado será inscrito como Património Imaterial da Humanidade. Camané deu um concerto em directo na página do facebook a propósito desta candidatura. Pode ver o concerto "Memórias" aqui.



imagens daqui e daqui.

25/11/2011

galeria apresenta José Gourmet

Todas as sextas-feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, projeto, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, apresentamos a José Gourmet.

Adriano Ribeiro é piloto de aviões. Viveu fora do país durante algum tempo e sentiu falta de alguns produtos portugueses. Daí surgiu a ideia de criar a José Gourmet. O nome vem da fusão entre uma homenagem a José Mourinho e um upgrade do nome Zé!
Decidiu apostar em produtos nacionais com uma linha de design atraente e contemporânea. Contou com a colaboração do seu amigo e designer Gémeo Luís para trabalhar a imagem dos seus produtos.
Começou nos queijos e depois avançou para o mercado dos azeites. Arranjou um bom produtor no Alentejo e foi à procura de uma fábrica que fizesse garrafas de empilhar. Nos mesmos moldes, veio o vinagre de vinho branco envelhecido, o azeite de alecrim, o licor de ginja e a aguardente da Lourinhã.
Mais tarde, lançou a linha de conservas ARTE. Ao Gémeo Luís juntaram-se André Letria, Bernardo Carvalho, Cristina Valadas, Emílio Remelhe, Inês Oliveira, João Vaz de Carvalho, Madalena Matoso, Marta Madureira, Rui Mendonça, Teresa Lima e Yara Kono, na criação das embalagens. Cada caixa vem com duas receitas (uma para crianças e outra para adultos), criadas pelo Chef Luís Baena que também se
juntou a este projeto.
A José Gourmet está a desenvolver novos produtos e a alargar a sua rede de vendas. A internacionalização é feita através do nome "Take away Portugal".
Missão: Mostrar o que de melhor e mais característico se produz a nível gastronómico em Portugal.
Produtos: Azeites, Vinagres, Vinhos, Licor, Aguardente, Compotas ARTE, Conservas ARTE e merchandising da marca. Apostando sempre no design, embalagens de cartão e textos em várias línguas.








josegourmet.com







imagens retiradas daqui.

24/11/2011

B Fachada

Bernardo Fachada nasceu em Cascais em 1984.
É um cantor, multi-instrumentista e compositor português.
Cresceu com a música que o pai trazia para casa, montanhas de discos vindos do Brasil, foram a educação musical da sua infância. Estudou violino, piano e piano jazz empurrado pelos pais, pois nunca teve o sonho de ser músico.
Na faculdade trocou Física por Literatura. Vive à margem da política, recusa o mainstream e sabe fazer tricot.
Como músico diz-se narcisista, só faz aquilo que lhe apetece ouvir. Etiquetado como «folque(lore) erudito», tem o hábito de gravar discos de seis em seis meses. Criatividade e frontalidade é coisa que não lhe falta. Talvez por isso esgote salas de Norte a Sul com música portuguesa.
As suas letras relatam, de forma humana e contemporânea, o que é viver na Lisboa e no Portugal de hoje, com seriedade e com coração. "Tenho feito os possíveis por fazer coisas que me façam comover”.
É incontestável, a lufada de ar fresco que trouxe à música popular portuguesa.


bfachada.bandcamp.com

Discografia:
“Até Toboso” - Maio de 2007 (Merzbau)
“B Sings the Lusitanian Blues” - Maio de 2008 (Merzbau)
“Mini CD (produzido por Walter Benjamin)” - Maio de 2008 (Merzbau)
“Viola Braguesa” - Outubro de 2008 (FlorCaveira)
“Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado” - Abril de 2009 (FlorCaveira)
“B Fachada” - Dezembro de 2009 (Edição de Autor/ Mbari)
“Há Festa na Moradia” LP 10'' Agosto de 2010 (Edição de Autor/ Mbari) - download gratuito
"B Fachada é Pra Meninos" Dezembro de 2010 (Edição de Autor/ Mbari)
"Deus, Pátria e Família" Junho de 2011 (Edição de Autor/ Mbari) - download gratuito

Vai lançar um novo trabalho no dia 2 de Dezembro.
A apresentação deste novo trabalho será registada com vários concertos:
3 de Dezembro - Teatro Viriato, Viseu.
6 e 7 de Dezembro - Culturgest, Porto (dois concertos em piano solo).
9 Dezembro ­ Café-Concerto do Centro Cultural Vila Flor, Guimarães.
21 de Dezembro - no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, Lisboa.



fotos daqui e daqui.

23/11/2011

Joana Carneiro

A Joana nasceu em Lisboa em 1976 e foi a terceira de nove irmãos.
É Maestrina convidada da Orquestra Gulbenkian e Directora Musical da Sinfónica de Berkeley.
Estudou viola e arco e ainda chegou a frequentar o curso de Medicina, mas acabou por seguir uma carreira musical. Tinha 9 anos quando ficou fascinada com os gestos de um maestro e pediu uma batuta no Natal.
Aos 18 anos dirigiu uma orquestra pela primeira vez.
Diplomou-se em Direcção de Orquestra pela Academia Nacional Superior de Orquestra. Concluiu o mestrado na Northwestern University e o doutoramento na Universidade do Michigan.
Foi «American Symphony Orchestra League Conducting Fellow» na Filarmónica de Los Angeles e dirigiu a Filarmónica de Londres como uma das três maestrinas escolhidas para a Allianz Cultural Foundation International Conductors Academy.
Em 2010 recebeu o prémio Helen M. Thompson, da League of American Orchestras American Symphony Orchestra, o prémio Sra. D. Antónia Adelaide Ferreira e o prémio Amália de Música Erudita. Em Março de 2004, Joana Carneiro foi agraciada com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República.


imagens retiradas daqui e daqui.

22/11/2011

galeria entrevista Paulo Galindro

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre o Paulo Galindro.


O Paulo é licenciado em arquitetura e pai de dois filhos.
Sonhava ser astronauta mas acabou por fazer voar as crianças com as suas ilustrações.
Ama os livros, a música, café, chá e dióspiros com canela. É também apaixonado pelo surf.
Criou, com a sua mulher, Natalina Cóias, a marca pintarriscos® - orientada para pessoas que dão valor à criatividade, originalidade e exclusividade.
O pintarriscos voa por mundos tão diversos como a cenografia teatral, a ilusão do Barroco e a ilustração infantil, através da reinterpretação de espaços, objetos e conceitos em que o objetivo é, acima de tudo, a criação de ambientes únicos.
No blogue O Voo do Pintarriscos, o Paulo e a Natalina mostram tudo aquilo que os move... inspira... arrepia... emociona... lava os olhos... e leva às lágrimas...

www.pintarriscos.com
pintarriscos.blogspot.com
www.flickr.com/photos/pintarriscos/sets

Quando é que a arquitetura ficou pelo caminho? Ou nunca ficou?
R: O curso de arquitetura não foi um tiro em falso. Muito pelo contrário. Hoje sei que se não fosse arquiteto, dificilmente seria ilustrador. A arquitetura é uma das áreas mais ecléticas da atividade humana, pois harmoniza na perfeição a arte e a técnica, em todas as suas mais variadas expressões. É por isso que é comum um arquiteto dedicar-se a outras áreas criativas. O processo criativo, os códigos e as regras básicas que estão subjacentes à música, à paginação de um livro ou ao design de uma chávena de café têm muitos pontos em comum com o projecto de edifício. Foi também no meu curso que que tive o privilégio de me cruzar com o arquiteto Miguel Mira, professor de desenho do 1º ano, um dos professores mais influentes na minha vida. Nas suas aulas, ele derrubou por completo anos de condicionamento de um ensino escolar que infelizmente, muitas das vezes, limita em muito a criatividade e expressão dos alunos. Ainda hoje, quando vou às escolas falar do meu trabalho, apercebo-me que essa é ainda uma realidade gritante e triste, independentemente da faixa etária. Com toda a certeza ele já não se lembrará de mim, mas foi com este professor que forjei as asas que ainda hoje estão a crescer e a ganhar penas.
Por tudo isto, a arquitetura nunca ficou pelo caminho, apesar de, nos últimos anos, muitas vezes o ter desejado. Não porque não goste de arquitetura - e de facto gosto mesmo muito, de outra forma nem sequer conseguiria chegar ao fim do curso, que por natureza já é muito difícil  - mas porque aquilo que me move, aquilo que me faz vibrar é mesmo a ilustração. Quando estou a pintar, deslizo ligeiro através do tempo. Entro como que num estado alterado de consciência onde os minutos se dilatam e comprimem, a fome e a sede não existem. Por oposição, quando estou a fazer um qualquer projecto de arquitetura normalmente dá-me uma fome danada lá pela hora de almoço. E isto é dizer muito.
Atualmente, o meu único elo de ligação à arquitetura deriva do facto de ainda exercer funções na Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território da Câmara Municipal do Barreiro. Muitas pessoas mostram-se surpreendidas com este facto. Suponho que seja por pensarem que não se consegue desenvolver um trabalho criativo tão intenso como o da ilustração, quando já passámos 8 horas a trabalhar numa outra actividade paralela e tão institucional como esta, com a qual pouco ou nada tem em comum. Não sendo impossível - e eu sou a prova disso - na verdade não posso deixar de lhes dar razão. A vida dupla que levo é um caminho por vezes muito tortuoso, que me leva a uma cansaço extremo, a uma saúde por vezes periclitante e a muitas noites mal dormidas, onde a cafeína é a minha melhor amiga. Se adicionarmos a esta equação louca o facto de ser pai de um João e de um Miguel – com 10 e 5 anos respectivamente – e as 4 horas diárias de viagem em transportes públicos - o comboio e barco são, na verdadeira aceção da palavra, o meu segundo atelier, e muitas das ideias surgem embaladas pelas vibrações da linha férrea e um ou outra onda mais afoita - será muito fácil constatar que, mais tarde ou mais cedo terei de abrir as asas e lançar-me de corpo e alma e tudo o resto ao que mais amo fazer.
Por enquanto não o posso fazer, cortesia dos tempos absolutamente surreais em que vivemos. No nosso país a cultura sempre foi delegada para segundo plano, e agora, com a crise, muito mais ainda. E isto pode ser muito assustador quando a nossa atividade depende unicamente de uma das muitas vertentes da cultura.

Qual foi a obra que serviu de rampa para a sua profissão?
R: Para responder a esta pergunta terei de recuar até aos meus 6 anos de idade, aos primeiros momentos em que manifestei o desejo de um dia desenhar livros para crianças, inventar casas malucas para as pessoas morarem e voar pelas estrelas. Na verdade, nem me posso queixar muito. Sou ilustrador, arquiteto e quanto às viagens espaciais, quem me conhece sabe que passo muito tempo lá em cima, algures entre as nuvens e a constelação de Vega.
O meu pai sempre trabalhou em artes gráficas, como operador de gigantescas máquinas de imprimir, e por isso mesmo sempre tive acesso aos bastidores dos livros. Atualmente as empresas de artes gráficas parecem autênticos laboratórios de tão imaculados que são. A eletrónica reina e uma máquina consegue fazer de uma vez só o que antes várias faziam em vários dias, e com um mínimo de desperdício de papel e de emissão de decibéis. Mas há 3 décadas e meia tudo era diferente. Na oficina do meu pai as máquinas pareciam inspiradas na revolução industrial ou num filme pós-apocalíptico em estética steampunk. O barulho destes monstros mecânicos era ensurdecedor e todos os acertos, afinações e ajustes às imagens era feito empiricamente pelo meu pai, com base em anos e anos de experiência. 1 pingo de vermelho, 3 pingos de amarelo, 5 pingos de azul - ou serão 4? - a máquina infernal rugia e lá saíam milhares de folhas impressas na perfeição. Tudo era mais visceral, primitivo, sujo, perigoso e intenso. Não havia JPEG's nem TIFF's, nem aplicações informáticas para nos guiar no complexo mundo da impressão. A montagem dos planos de impressão era feita numa mesa de luz, colando pedaços de película com fita-cola transparente e infinita paciência. Muitas vezes ainda se usavam os tipos de chumbo e a prensa, que hoje em dia apenas se encontram em antiquários ou em pequenas oficinas de auto-edição. Mas contrastando com este mundo de cheiros, sons e imagens brutas, o resultado final era um trabalho perfeito, pleno de delicadeza e de sensibilidade, o que aos meus olhos de menino nada mais era o do que pura magia. E o meu pai, no meio de todo este caos mecânico, era o feiticeiro-mor.
Posso dizer que a um nível subliminar, a minha carreira de ilustrador começou aqui.
O meu pai estendia no chão algumas folhas de papel por cortar, num formato em bruto muito, muito grande, para cima das quais eu saltava após me ter descalçado. E ali ficava horas e horas a pintar, rodeado pelos meus desenhos, a um ponto tal que o único espaço em branco que restava era os 0,25 m2 ocupados pelos meus pés. No final, muitas vezes eu próprio me confundia com os meus desenhos. Agora, quando penso nisso, percebo um pouco melhor os meus sonhos: do alto meu glorioso metro de altura, uma folha com aquelas dimensões era um universo em branco, pronto a ser criado de raiz, vivenciado e explorado por mim. Daí o sonho de ser astronauta.
Por outro lado, esta enorme superfície branca formava um espaço ortogonal, arquitetónico, que eu apreendia e aprendia com os meus sentidos e ocupava com os meus desenhos, ao ponto de imaginar que se tornava tridimensional, protegido por 4 paredes igualmente brancas, igualmente de papel. Ora aqui está a génese da minha vontade de ser arquitecto.
Há sensivelmente 10 anos, eu e a Natalina decidimos ilustrar a parede do quarto do nosso filho, de quem estávamos grávidos, e que nasceria daí a 15 dias. Desta experiência espontânea surgiu a ideia, em parceria com um outro casal amigo, de criarmos a marca João Pé-de-feijão (os primórdios do que é hoje a Pintarriscos, mas disso falarei mais à frente). Foi durante este período que conheceríamos duas personagens únicas que nos inspirariam muito, e que tatuariam em mim, para sempre, a certeza de que mais tarde ou mais cedo seria ilustrador... Falo da Julieta Franco, criadora da marca "Era uma vez um sonho", e a Mafalda Milhões, co-criadora da editora "Bichinho de conto" e da livraria "Histórias com bicho", que é um verdadeiro paraíso para quem gosta de livros infantis. E foi no âmbito desta editora que o meu sonho ganharia corpo pela primeira vez, ao co-escrever com a Mafalda o livro "Chiu!", e ao conceber na íntegra as respectivas ilustrações. E devo dizer que neste livro, qualquer semelhança com a minha família não é pura coincidência.
O universo é um relógio, não é? E nós, dentro desta caixa de Pandora, apenas vislumbramos duas ou três peças desta complexa engrenagem.

Como, quando e porquê O Pintarriscos?
R: O conceito Pintarriscos surgiu, como já disse na resposta anterior, da marca João Pé-de-Feijão, criada por nós e por um casal amigo há uns 10 anos atrás. Eu e Natalina Ilustrámos o quarto do nosso filho João, que estava a 15 dias de nascer (a propósito, pintar é uma forma espantosa de se atingir um estado Zen, o que é sempre quando se tem uma barriga do tamanho de júpiter), e gostámos tanto do resultado final, que decidimos que poderia ser estimulante repetir a experiência em outros espaços. A partir daí, ilustrámos alguns quartos de criança e até um showroom numa loja de mobiliário no Sobral de Monte Agraço, com várias peças de mobiliário pintadas por nós. Com a dissolução da João Pé-de-feijão, eu e a Natalina decidimos criar um conceito que fosse muito mais longe do que a mera decoração. Passámos muitas horas a conversar sobre qual o nome a dar ao nosso projecto, até que o que o nome Pintarriscos nos escolheu. Criámos também uma mitologia para este pequeno passarinho, que mede apenas 3,27 mm, e que se inspira directamente em duas outras paixões muito pessoais… a ciência e a espiritualidade, não no sentido religioso, mas num sentido muito mais amplo e universal. Foi um processo de criação tão intenso que cheguei a sonhar com uma capa da revista National Geographic a assinalar a descoberta do século… a primeira fotografia de um Pintarriscos (Pintarriscus Rapidus Lux) no interior de um acelerador de partículas. Gostaria de ter ido muito mais longe no desenvolvimento desta mitologia... falar dos seus hábitos de alimentação e dos rituais de acasalamento, achados arqueológicos e comportamentos sociais, mas por enquanto, o dia só tem 24 horas. Não consigo arranjar tempo para mais nada.
A filosofia que está na base da marca Pintarriscos é elevar a ilustração às paredes, transformando-as num livro de histórias gigante. Ilustramos ambientes, e as técnicas que utilizamos são exactamente as mesmas que usamos quando ilustramos sobre uma superfície mais pequena. Inspiramo-nos no trompe l’oeil barroco, na cenografia teatral e no graffiti, uma arte urbana de que gostamos muito. "Os gémeos", por exemplo, são para nós uma imensa fonte de inspiração. Pelo meio o Pintarriscos voa ainda pelos territórios do artesanato urbano, que é uma das paixões da Natalina.
O grande arranque desta marca foi em Abril de 2005, com a exposição / instalação comemorativa o bicentenário do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, «Histórias de Princesas, de Ervilhas e Pingos de Chuva», em parceria com a livraria “Histórias com bicho”, e que nos deu um prazer indizível.
Inspirados por este passarinho já ilustrámos quartos de criança, colégios, um bar, uma biblioteca e, actualmente, estamos a ultimar o projecto de dinamização / revitalização da imagem dos corredores de acesso às Salas de Cuidados Intensivos e de Cuidados Especiais de Recém-nascidos, e das Salas de Cuidados Intensivos de Crianças até aos 18 anos e de Cuidados Especiais do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, também conhecido por Hospital Amadora – Sintra. A Inauguração vai ser na primeira quinzena de Dezembro.

É uma vantagem ter a mesma profissão que a sua mulher?
R: Na verdade não temos a mesma profissão. Durante o dia eu sou arquiteto na Divisão de Planeamento da Câmara Municipal do Barreiro, e a Natalina é educadora-de-infância na Escola Nova Apostólica, em Carcavelos. À noite vestimos os nossos fatos de super-herói e transformamo-nos em ilustradores. Com toda esta salada russa de actividades em comum e antagónicas, não nos podemos queixar de ter uma vida monótona e desinteressante. As paixões em comum são muitas, e os temas de conversa também. Nesse aspecto, o triângulo formado pelas nossas profissões e pela ilustração só podem ser uma imensa vantagem. Os problemas surgem quando dois trabalhos nossos coincidem num mesmo período de tempo, e consequentemente, por estarmos casados, num mesmo espaço… que é um atelier com uns míseros 12 m2 entre o nosso quarto e o quarto dos nossos filhos. Neste minúsculo espaço o ambiente familiar torna-se surreal, entre frascos de tinta com tampas trocadas, pincéis que secam e ficam duros como um bacalhau seco, ilustrações espalhadas pelos 4 cantos da casa (o facto de ilustrar em madeira é algo que me dá um prazer imenso, mas torna-se um problema quando há falta de espaço), noites mal dormidas, chávenas de café por lavar, manhãs sublinhadas com olheiras, os miúdos que também querem pintar no atelier, a Skye – a nossa cadela - a querer roer um pincel (e às vezes rói mesmo, juntamente com comandos de televisão e respectivas pilhas, fios elétricos, canetas e uma miríade de outros acessórios), os prazos a apertarem, as editoras a ligarem, as visitas, os pingos de amarelo e vermelho no chão, a loiça que tem de ser colocada na máquina, e um imenso etecétera de pequenos grandes nadas. Nesses momentos a adrenalina sobe, a tensão aumenta, e podem surgir alguns atritos enquanto casal. Felizmente, até ao momento, os trabalhos que temos tido têm estado mais ou menos desfasados, mas este é um problema com que temos de aprender a lidar.

Os seus filhos motivaram-no para entrar no universo infantil ou já era uma coisa natural em si?
R: Tudo na nossa vida conspira para que sejamos quem somos e façamos o que fazemos. Isto é uma regra para qualquer ser vivo. Como é óbvio, a vinda dos meus filhos foi uma componente absolutamente importante para a minha visão do mundo, e por consequência, para aquilo que faço enquanto ilustrador. Ter filhos é surfar um tsunami de emoções (por vezes contraditórias) e de preocupações, de momentos únicos e inesquecíveis. É impossível que um acontecimento épico desta natureza na nossa vida não tenha repercussões a todos os níveis. No entanto, como já tive a oportunidade de referir na resposta a uma pergunta anterior, o meu sonho de ser ilustrador já vem do período da minha vida em que eu media pouco menos de 1 metro de altura. Estar com eles enriqueceu o meu léxico e a minha compreensão do que é a arte, no que de mais visceral e primitivo ela representa. Ao contrário da maior parte de nós adultos, uma criança desenha aquilo que sente. Até a sua visão do mundo ser estandardizada e homogeneizada pela escola, quando uma criança pega num papel e num lápis para desenhar, o que ela realmente está a fazer é a escrever uma carta ao mundo. Não é por acaso que os pedopsicólogos utilizam o desenho para mergulhar no mundo de uma criança. Nesse aspecto a Natalina é uma privilegiada. Todos os dias ela contacta com a sinceridade da arte infantil, e isso transparece por todos os poros nas ilustrações que ela concebe. São frescas, irresistivelmente inocentes, espontâneas e mágicas. Eu, sendo arquitecto, sempre estive muito agarrado à realidade, à perspectiva, às proporções, à limpeza gráfica. Tem sido para mim uma luta constante desconstruir tudo isso, e confesso que a frescura do trabalho desenvolvido pela Natalina tem sido para mim uma das maiores fontes de inspiração.
Que inveja!

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Infelizmente não. Sou a pessoa mais desorganizada com quem me cruzei na minha vida. E impaciente também. Dois defeitos que detesto em mim, até porque é uma má influência para os meus filhos. Com que moral lhes posso exigir que arrumem o quarto e a mesa de trabalho deles, quando o nosso atelier parece ter sido alvo de um ataque nuclear? Há contudo uma coisa em que sou absolutamente sistemático. Quando tenho de criar uma qualquer ilustração encho os meus blocos de desenho até construir dentro da minha mente a imagem que pretendo, com um detalhe minucioso. Quando começo a executá-la, sei exactamente qual a imagem que pretendo no final. A forma como vou lá chegar é puramente intuitiva, mas a imagem que vive na minha cabeça é aquela que persigo até ao mais ínfimo detalhe. E quando esta alquimia de transformar uma tempestade elétrica que só vive na minha cabeça em algo palpável, substancial e apreensível por terceiros não resulta, pode ser uma fonte de grande angústia.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Sim, tenho muitos. Sempre vi a ilustração como uma carreira, mas os projectos foram surgindo de uma forma fluida e orgânica. Nunca fiz outsourcing junto das editoras, nunca dei passos previamente programados, em grande parte porque tenho uma outra profissão paralela que me tem garantido um ordenado mensal e fixo. Mas a partir de certo momento, comecei a ter necessidade de ver o meu percurso na ilustração guiado por um fio condutor, uma estrutura que se vai montando a pouco e pouco, cujo o todo deverá ser superior à soma das suas partes. Uma vez mais o universo provou ter um mecanismo de um relógio, pois foi durante essa tomada de consciência que me cruzei com a empresa Booktailors – Consultores Editoriais, mais precisamente na figura de Paulo Ferreira, com a qual estabeleci um contrato de agenciamento. Este facto está ainda a ser um enorme ponto de viragem na minha carreira.
Quanto aos projectos, tenho de facto muitos. Mas só vou revelar o maior deles… um dia gostaria muito de poder viver unicamente do universo da ilustração e tudo o que o rodeia. Isso seria algo que me traria uma enorme qualidade de vida, não só a nível pessoal como familiar. E acima de tudo, seria fonte de uma enorme felicidade. Mas os tempos que se vivem são incertos e assustadores, muito especialmente para alguém como eu que nunca trabalhou a solo. Trabalhar por conta própria exige uma mudança de paradigma, uma transformação interna que exige tempo de maturação, o que não se coaduna com a velocidade com que as transformações sociais e económicas se vão sucedendo, que é atualmente, à escala de um dia. Entrámos em modo de sobrevivência, e nestas alturas as decisões têm de ser tomadas de uma forma muito, muito cuidadosa.

Para além de desenhar, o que mais gosta de fazer?
R: São muitas as coisas que me fazem estremecer e tornam a minha vida numa imensa fonte de prazer:
É bom estar com a minha família; Adoro ouvir música (e tentar aprender música, apesar de ter falhado até ao momento); Amo os livros e a leitura…são óptimos para voar; Adoro fazer surf (ou melhor, tentar fazer surf, pois ainda estou a aprender) com amigos, muito especialmente com o Marc Parchow, o meu companheiro de ondas. No final, não há nada melhor do que ficar com o sal na pele até à noite; Viajar é a melhor coisa do mundo; Cristalizar momentos e estados de espírito em fotografia; Aprender algo todos os dias, sempre; Correr que nem um desalmado com a Skye, no paredão de Oeiras... 10 km por dia, 3 vezes por semana; Observar a lua e as estrelas com binóculos; Procrastinar também sabe bem, apesar de quase sempre me arrepender mais tarde; Beber um bom vinho e comer um bom queijo ao som de Miles Davis ou de Tom Jobim (música de chuva, de acordo com o meu filho João).

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Gosto do trabalho de tantos ilustradores portugueses que seria injusto enumerar alguns deles e esquecer-me de outros igualmente importantes para mim. A maior parte deles segue uma abordagem totalmente antagónica à minha, mas é exactamente isso que procuro no trabalho daqueles que admiro... Uma descoberta de formas de ver a ilustração completamente diferentes da minha. Só assim se pode crescer... Saindo da nossa zona de conforto, arriscar, inovar nem que seja um milímetro, experimentar muitas vezes. Como disse Samuel Beckett, "Tentar novamente. Falhar novamente. Falhar melhor.". Se não for assim, de nada vale o esforço despendido.
Há no entanto dois ilustradores portugueses que gostaria imenso de referir, e cujo trabalho admiro muito (e peço desde já desculpa por subverter o máximo previsto pela pergunta).  Sem qualquer ordem de preferência, falo do Bernardo Carvalho e do Afonso Cruz.
O Bernardo Carvalho porque alia na perfeição um sentido de economia de desenho (que o leva a uma abordagem abstrata, minimal e quase Naif) com um profundo sentido cinemático de Espaço e de Lugar, sem descurar nunca o experimentar de novos caminhos. Bons exemplos disto são os últimos livros que ilustrou: o mudo e amplo "Praia Mar" e o ensolarado e aconchegante "Hugo e Eu e as Mangas de Marte", com texto de Richard Zimler, um outro autor cujo trabalho muito admiro. São perfeitos porque de repente estamos naqueles lugares, sentimos o vento, os sons e os cheiros. E não estou a falar metaforicamente.
Por outro lugar, o Afonso Cruz é para mim um dos grandes ilustradores portugueses. E como se isso não bastasse, escreve espantosamente bem. Estou neste momento a ler "O pintor debaixo do lava-loiça" e posso desde já dizer que estou deleitado, como aliás fiquei n' "Os livros que devoraram o meu pai" e n' "A contradição humana". E como se isso não bastasse, é um multi-instrumentalista com créditos firmados na banda "The Soaked Lamb". E faz animação. E produz cerveja (até os rótulos são da autoria dele), a qual infelizmente nunca provei. E já viajou por mais de meia centena de países. Para mim, ele personifica o espírito renascentista que todos temos dentro de nós, mas que só alguns conseguem conjurar. Quando for grande quero ser assim.



21/11/2011

Maria Guedes

A Maria nasceu em Lisboa em 1978. Desde pequena que se lembra de devorar revistas de moda, ver desfiles e desenhar roupas para as suas bonecas de papel. Adora moda, estilo, vendas e comunicação.
Com uma licenciatura em Publicidade e Marketing e pós-graduação em Comunicação e Imagem, tinha o sonho de viver e trabalhar em Nova Iorque e foi lá que fez um curso intensivo (Associates Degree em Fashion Studies), na Parsons School.
De regresso a Portugal, em 2008, abre um atelier onde cria sobretudo roupa de festa. Mas foi em 2009, com o seu blogue Stylista, onde faz diariamente considerações sobre moda, design, estilo, ilustração e compras, que a Maria fez sucesso, e a partir daí começaram a chover projetos e clientes para Personal Styling & Shopping, Design e confecção por medida, Design de fardamento e Ilustração de moda.

Este foi o seu primeiro post:

YES DARLING, IT'S ALL ABOUT ME.
Ano novo apostas novas, ou... "esqueci-me de pagar a anualidade do meu site" e por isso decidi entrar em modo auto-gestão, partilhando (on, hopefully a regular basis) todos os meus projectos e considerações sobre moda, estilo, tendências, design e ilustração!


Em 2010 publicou o livro "Tanta roupa e nada que vestir". Em televisão já colaborou com a SIC e com a SIC Mulher e cabe-lhe agora apresentar e comentar tendências no programa Fashion Tips na Fox life.
Quem acompanhar o seu blogue, acompanha também a sua gravidez.

mariaguedeslisboa.clix.pt





imagens retiradas daqui, daquidaqui.




19/11/2011

José Avillez

Quando disse em casa que queria ser cozinheiro a mãe achou que estava maluco. Mas a verdade é que a "maluquice" já lhe valeu uma estrela Michelin!
Só no fim da licenciatura em Comunicação Empresarial é que decidiu ser cozinheiro, apesar da paixão pela cozinha vir desde criança.
Teve aulas individuais com Maria de Lourdes Modesto e estagiou na cozinha de Antoine Westerman, na Fortaleza do Guincho. O grande marco foi o estágio no El Bulli, em Espanha (várias vezes considerado o melhor restaurante do mundo).
Em Lisboa, como Chef Executivo do restaurante Tavares conquistou uma estrela Michelin.
Em 2011 abriu os seus próprios restaurantes. Presta serviços de consultoria através da José Avillez Consultoria, dirije o José Avillez Catering, o take-away JA em casa, o restaurante JA à mesa e abriu recentemente outro restaurante, o Cantinho do Avillez. Já escreveu vários livros e tem vinhos com a sua assinatura.
José Avillez é uma referência da cozinha em Portugal. É rigoroso, criativo, intuitivo e inovador.

www.joseavillez.pt






imagens retiradas daqui.

18/11/2011

galeria apresenta Princess Pea

Todas as sextas-feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, apresentamos a Princess Pea.

Tem nome estrangeiro mas é 100% português.
A Princess Pea é uma nova marca de produtos de uso quotidiano valorizados através da arte da ilustração. Tem como base o universo dos contos tradicionais infantis e conta com a colaboração de alguns dos mais conceituados ilustradores nacionais.
Os produtos são totalmente desenhados e produzidos em Portugal com matérias naturais e processos ecológicos.
No site pode encontrar vestuário, artigos para recém nascido, malas, sacos, bijuteria, têxtil lar, loiça e cadernos, assinados por Paulo Galindro, Natalina Cóias, Carla Nazareth, Marta Torrão, Rachel Caiano, Teresa Lima, Afonso Cruz, Eunice Rosado, Ana Oliveira, Raquel Pinheiro, Pedro Serapicos e Ana Afonso.
Até 31 de dezembro (em compras superiores a 50€) os portes de envio são oferecidos para Portugal Continental.
Para já, as vendas são on-line e basta entrar aqui: princesspea.net.