31/01/2012

Entrevistas da galeria portuguesa

O primeiro post deste blogue, no dia 8 de Novembro de 2011, dizia assim:

A galeria portuguesa tem como objetivo dar espaço a artistas portugueses. A pessoas inspiradas e inspiradoras. Uma galeria que expõe o melhor que se faz por cá nas suas diversas formas de arte.

Desde esse dia a galeria portuguesa tem publicado, semanalmente, entrevistas a personalidades inspiradas e inspiradoras que têm algo a acrescentar ao panorama nacional. A todos, muito obrigada pela disponibilidade e simpatia com que participaram neste projeto.

Margarida Teixeira


Joana Cabral, produtora de televisão que faz muitas outras coisas fabulosas.
Paulo Galindro, arquiteto e ilustrador que aqui provou que também escreve muito bem.
Inês Nogueira, designer que transforma qualquer tecido numa coisa extraordinária.
Isabel Minhós Martins, habitante do Planeta Tangerina, autora de livros geniais.
Mónica Pinto, entre Pratos & Travessas delicia-nos com receitas e fotografias.
Rita Pinheiro e as suas bonecas irresistíveis, Matilde Beldroega.
Ana Salomé, que afinal não tem monstros debaixo da cama!
Mami Pereira, a sensacional Arqueologista.
Beatriz Afonso, que quando for grande quer ser stylist.
Joana Nogueira e a sua The Punpis Family.
Ana Ventura, tem "jardins na cabeça" e muita criatividade.
Sara Bernardo, fotógrafa com projetos comoventes.
Rita Cordeiro, que criou as incríveis wooler e cooler.
José Cabral, o famoso Alfaiate Lisboeta.
Inês Vicente, de Lisboa e dos Lissabon.

30/01/2012

Luísa Sobral

A Luísa nasceu em Lisboa em 1987.
Foi com uma guitarra que iniciou a empatia com os instrumentos. Foi com a guitarra que percebeu de onde vinham os acordes das músicas dos pais. Dos Beatles e de outros. E foi com tenra idade que se entregou às canções únicas que o jazz eternizou.
Saiu do anonimato em 2003 no programa Ídolos, da SIC. Tinha apenas 16 anos e ficou em 3º lugar. Pouco tempo depois foi para os Estados Unidos em busca de formação musical e fez a licenciatura na Berklee College of Music. Passou por Boston e Nova Iorque, durante quatro anos que lhe permitiram descobrir a sua própria identidade musical.


Ainda antes de editar o seu primeiro registo discográfico a Luísa esteve nomeada para Best Jazz Artist nos Hollywood Music Awards de 2009, ganhou a Best Jazz Song nos Malibu Music Awards de 2008 e foi finalista em dois concursos de escrita de canções, a John Lennon Sonwriting Competition e a International Songwriting Competition.
“The Cherry On My Cake” é o seu primeiro álbum de originais, lançado em Março de 2011 e já atingiu o disco de ouro.
Aponta como influências Björk, Regina Spektor, Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Chet Baker, Elis Regina, Rui Veloso, Jorge Palma, Bernardo Sassetti, Sara Tavares, Maria João e Mário Laginha.
A sua vivência e a relação com as pessoas inspiraram-na no processo de composição do seu disco de estreia, como o cinema francês, o frenesim de Nova Iorque e o afeto familiar de Lisboa.
É uma mistura da sonoridade das melodias dos anos 50 com sons que gosta de ouvir agora, como a harpa, por exemplo.
A Luísa é cantora, compositora, letrista e instrumentista.

luisasobral.com
Se quiser ver a Luísa ao vivo e a cores, aqui ficam as datas dos próximos concertos:
17 de Fevereiro - Seia Jazz & Blues 2012 (Seia)
18 de Fevereiro - Theatro Circo (Braga)
8 de Março - Teatro José Lúcio da Silva (Leiria)
13 de Abril - Casa da Música (Porto)
14 de Abril - CCB (Lisboa)



29/01/2012

28/01/2012

galeria apresenta Cláudia Loureiro e o Reino já cheguei

A galeria portuguesa lançou o desafio e a Cláudia apresentou-se assim:

Achei que devia estar aqui porque tenho um Reino (oficialmente desde 2008)!
Juntei todas as pedras que me apareceram no caminho e construí um Reino. Quantas são as pessoas que têm um reino na blogosfera ou mesmo fora dela?
Assim sendo, posso considerar-me rainha deste mundo de fantasia, tecidos, rendas, botões, cartolina, cartão e muito carinho... criado por mim...


Hoje a galeria apresenta a Cláudia Loureiro e o seu Reino já cheguei.

Chama-se Cláudia Loureiro, é autodidata e dedica-se a várias técnicas. Foi ainda em criança que se iniciou na costura, a mãe ensinou-a a fazer moldes e a aprimorar os acabamentos. Foi também a mãe e a avó materna que a ensinaram a fazer crochet. Sempre gostou de desenhar e de pintar.
Com a gravidez regressou às costuras, com uma manta de patchwork e um urso para o filho, depois vieram as bonecas de pano.


Mas este Reino começou com dois DVD’s feitos e editados pela Cláudia e pelo marido, um durante a gravidez do primeiro filho, Estou a Chegar! e outro chamado Já Cheguei! que fazem a reportagem da gravidez e dos dois primeiros anos de vida do Tiago, que deu nome à personagem Príncipe Tiago Caracolinhos.
A Cláudia criou este universo imaginário com histórias que escrevia para mais tarde contar ao filho. Depois veio outra gravidez, de uma menina, e as histórias ganharam uma nova personagem, a Princesa Joaninha Pigoita.
O Reino Já Cheguei é acima de tudo um tributo aos seus filhos.




Depois de publicar algumas histórias no blogue começou a receber pedidos de mais e mais textos. Resolveu, então, fazer uma publicação de autor com textos e ilustrações da sua autoria e nasceu um livro com personagens baseadas num estudo genealógico que fez da família. As personagens têm cognomes que foram na realidade alcunhas dos seus antepassados: Ri-te Ri-te, Tangerina, Cheira m’a Ninhos, etc.
Com o sucesso on-line do livro começaram os pedidos de bonecas de pano e porta-chaves que se estenderam a peças em fimo, botões, pins e bijuteria que a Cláudia foi satisfazendo e criando.




Para conhecer mais sobre o Reino Já Cheguei, visite estes links:
reinojacheguei.com
reinojacheguei.blogspot.com
facebook

Neste vídeo, o Reino desenhado pela Cláudia.

27/01/2012

galeria apresenta Crazy Cat&Dog People

Todas as sextas-feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, projeto, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, apresentamos o projeto Crazy Cat&Dog People.


Apesar do nome é um projeto português! Concebido e liderado por Lara Luís, do Porto, ilustradora e amante de gatos.
A Lara decidiu ajudar instituições que se dedicam aos animais, para isso usou o que melhor sabe fazer: A ilustração.
Convidou colegas de profissão, escolheu instituições, localidades e espaços de exposição e a verdade é que tem sido um sucesso.
São cerca de 40 fabulosos ilustradores nacionais e internacionais, que concordaram em oferecer uma ou mais obras de sua autoria, para que depois sejam expostas e vendidas a um preço simbólico.
Todo o dinheiro angariado é oferecido em géneros a instituições. Metade para alimentação e a outra metade para despesas de veterinário.
A inauguração da próxima exposição será no dia 11 de Fevereiro, na Casa Ruim em Torres Vedras, que gentilmente cedeu o espaço. A exposição ficará até 4 de Março. Por isso, aproveite para passear até Torres Vedras, veja uma exposição, conheça a Casa Ruim e leve para casa uma ilustração por um preço muito acessível com a sensação de missão cumprida porque ajudou quem ajuda os animais.
Desta vez, a instituição escolhida é a APA (Associação para a protecção aos Animais de Torres Vedras) que existe desde 1982. Segundo a Lara, as condições que oferecem aos Cães e Gatos que recolhem são excelentes e atualmente dispõem de serviço clínico próprio. Mas vive exclusivamente de quotizações e donativos. O Objetivo desta exposição é recolher fundos para ajudar a APA a ter melhores condições mas também ajudar a promover adoções de animais abandonados e de famílias de acolhimento temporário.
A instituição estará presente no dia da inauguração de forma a sensibilizar mais pessoas e, quem sabe, tornarem-se sócias.
Para ver as ilustrações que estão à venda, consulte a página Crazy Cat&Dog People no facebook.





Imagens da exposição no Posto de Turismo da Póvoa de Varzim (a receita reverteu para o Gatil Bastet).
Crazy Cat&Dog People
De 11 de Fevereiro pelas 16h (a 4 de Março)

na Casa Ruim
R. Almirante Gago Coutinho,
4 B/C, 2560-303 Torres Vedras

informações:
loja@casaruim.com
T. 261094190
facebook
casaruim.com

26/01/2012

galeria entrevista Inês Vicente

Quinta-feira também é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Inês Vicente.


A Inês nasceu em Lisboa em 1978. E é em Lisboa que vive.
Divide o seu tempo entre a arquitetura e a música.
É licenciada em Arquitetura e com dois amigos da faculdade abriu o atelier DATA, onde trabalha a tempo (quase) inteiro.
A música esteve sempre presente na sua vida. Começou com bandas de garagem com amigos do liceu, tocava guitarra e chegou a cantar. Depois, trocou a guitarra pelo baixo e foi membro dos You Should Go Ahead - banda portuguesa que gravou dois álbuns, foram finalistas do TMN Garage Sessions, tocaram no Festival Sudoeste e no Lisboa Soundz, participaram no maior festival de música do mundo, South By Southwest 2007 nos Estados Unidos e foram convidados a tocar no main stage do Festival Creamfields. Ainda arrecadaram o prémio de Melhor Vídeo de Ficção no VIMUS 2007 - Festival Internacional de Vídeo Musical da Póvoa do Varzim. Em 2009 anunciaram o fim da banda.
A Inês continuou na música e fundou os Lissabon, banda portuguesa de quatro elementos que lançou um EP em 2011 e faz parte da banda sonora da série Morangos com Açúcar.
Mais sobre a Inês? É incapaz de dizer não a uma criança, não se dá bem com cogumelos e gosta de pizzas com ingredientes pouco habituais.

atelierdata.com
lissabonmusic.com
myspace.com/lissabonmusic


Como é que gere estas duas profissões?
R: Tanto a arquitetura como a música funcionam muito por ciclos que felizmente são manipuláveis de forma a que não colidam. Há alturas de aperto em que dou prioridade a uma das áreas, mas de maneira geral convivem pacificamente. Tenho a felicidade de ter a meu lado, tanto na arquitetura como na música, pessoas que percebem a importância desta conjugação e também elas ajudam a tornar possível a convivência.

Quando os You Should Go Ahead acabaram, equacionou deixar a música?
R: Quando me convidaram para fazer parte dos You Ahould Go Ahead, para tocar baixo (que na altura era coisa que nunca tinha feito), tinha tomado essa decisão, depois de terminar uma outra banda. A verdade é que sentia tanto a falta de tocar que, mesmo sendo um outro instrumento, me atirei de cabeça. Depois dos You Should Go Ahead a história repetiu-se… bastou um sms para voltar a pegar no baixo e fazer barulho!

YSGA
Quem assiste aos vossos concertos não é propriamente quem assiste à série Morangos com Açúcar. Ficaram surpreendidos com o convite?
R: Não diria surpreendidos, mas apreensivos. Há sempre o eterno complexo dos “vendidos”. A verdade é que fazemos a música que queremos, se a querem aproveitar para coisas que não imaginávamos, melhor! Não alterámos em nada a nossa postura, a diferença é que temos neste momento um público mais abrangente. A surpresa veio em perceber que quem assiste à série não é apenas o público que imaginávamos…

Sentem que cativaram um público novo com este destaque televisivo?
R: Ainda estamos muito no início, o nosso primeiro álbum está prestes a ser editado, só aí vamos perceber verdadeiramente. Nos concertos que temos feito temos vindo a perceber que há pessoas que já conhecem as músicas da série, e algumas que conhecem outras porque ouviram a música na série e foram procurar mais, e isso é bom. Como os Lissabon têm ainda pouco tempo de existência é complicado dizer se é um público novo, não temos termo de comparação.

Lissabon
É muito difícil viver da música em Portugal. Mas se fosse possível, dedicava-se a tempo inteiro?
R: Se esta pergunta me tivesse sido feita há uns anos atrás a resposta seria definitivamente um sim, hoje a resposta é bem diferente, um redondo não! É ótimo viver na esquizofrenia da arquitetura e da música. São áreas que se tocam em muitas ocasiões e dou por mim muitas vezes a aplicar os conceitos de uma delas na outra. Teria muito a perder se tivesse abdicado de uma delas.

Que música ouve atualmente?
R: Tento ir atualizando a playlist com coisas novas mas continua a saber-me muito bem ouvir alguns discos que se tornaram clássicos da banda sonora da minha vida. Coisas relativamente recentes: Metronomy, M83, We Have Band.


A arquitetura em Portugal vai no bom caminho?
R: Mais a arquitetura portuguesa que a arquitetura em Portugal, mas sim, num excelente caminho! É muito gratificante perceber o reconhecimento que tem sido dado à arquitetura portuguesa. Não me refiro apenas às grandes estrelas, mas a uma nova geração de arquitetos / ateliers que, com uma estrutura bastante mais modesta, conseguem competir internacionalmente com grande sucesso.

E a música?
R: A música… o fado parece que está! A música em Portugal parece estar a marinar… ainda não encontrou o seu espaço neste novo molde, mais tecnológico, menos físico.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Tenho pois! Entre a arquitetura e a música há sempre coisas a acontecer. Já em Fevereiro / Março queremos lançar o primeiro álbum de Lissabon. Na arquitetura é um pouco mais difícil descrever os projetos, mas estão em ebulição!



Para além da música a da arquitetura, o que mais gosta de fazer?
R: De estar com os amigos e família, tantas vezes sacrificados pelo excesso de atividades que tenho em mãos, de me tornar outra vez criança e brincar com os meus sobrinhos, e quando posso, gosto de não fazer nada!

E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Cozinhar é definitivamente uma coisa para a qual não fui talhada e da qual não retiro qualquer prazer.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: As minhas grandes referências são pessoais, pessoas anónimas para a maioria, como os meus pais. Vou fazer batota (posso?) e apontar uma pessoa coletiva: os voluntários. Acho que são pessoas que fazem efetivamente este mundo um pouco melhor, com uma generosidade e dedicação extremas. Saber que há pessoas que depois de um dia de trabalho, em vez de irem para casa descansar, dão o seu tempo a causas nobres… dá que pensar… porque é que eu não faço isso?

25/01/2012

Jorge Palma

Nasceu em Lisboa, em 1950.
Aos seis anos iniciou os estudos de piano. Com oito fez a sua primeira audição no Conservatório Nacional.
Na rádio ouvia Maria de Lurdes Resende, António Calvário, Amália e música clássica. Depois, no final dos anos 50, a mãe comprou um gira-discos e isso levou-o a conhecer o Charles Aznavour, o Gilbert Bécaud, o Dylan, o Simon & Garfunkel e o Elvis.
O grande choque foi quando conheceu os Beatles e os Rolling Stones. Tinha 14 anos e ficou completamente rendido. Desistiu do curso para se dedicar à música, como orquestrador, mas perdeu o direito ao adiamento da tropa. Partiu para Londres e depois para a Dinamarca.


Fez parte dos Black Boys e do grupo hard/rock Sindikato. Começou por compôr em inglês, a estreia a solo foi em 1972 com o single “The Nine Billion Names Of God”.
Depois, surgiram músicas em português e encomendas de composição e orquestração para outros intérpretes.
Viveu sempre da música mas nas alturas de menos dinheiro fez traduções técnicas.
Em Paris percorreu bares, esplanadas e o Metro, tocando Bob Dylan, Leonard Cohen, Paul Simon e Crosby, Stills & Nash, entre outros.


Em 1983, quando estava prestes a regressar aos seus estudos musicais, nasceu o seu primeiro filho, Vicente.
Do álbum O Lado Errado da Noite saiu o single “Deixa-me Rir”, com enorme sucesso. Foi distinguido com alguns prémios e definido por alguns críticos como “O lado certo de Jorge Palma” ou “Palma de Ouro”. Na sequência deste trabalho fez uma longa tournée por Portugal, passando também pelas ilhas, destacando-se a sua primeira grande apresentação em Lisboa, na Aula Magna.
Em 1986, concluiu o Curso Geral de Piano e gravou o seu sétimo álbum de originais Quarto Minguante que foi um trabalho marcado pelos problemas entre Jorge Palma e a editora, sobretudo pela tentativa de imposição de um determinado tipo de sonoridade. Sempre gostou de ser um livre-pensador.


A mãe sonhava que fosse pianista, mas Jorge Palma não resistiu aos apelos do rock. Tocou nas ruas e viveu sem limites. Muitas vezes acordou sem se recordar do que fez, mas diz que mudou. Pediu ajuda médica e libertou-se.
A música "Encosta-te a Mim", do álbum Voo Nocturno de 2007 foi um mega-sucesso, cativou novos públicos e lançou a sua carreira para um patamar quase inantigível em Portugal. Curiosamente, casou com a sua atual mulher, Rita Tomé, em Las Vegas ao som desta música (cantada pelo próprio), os padrinhos foram o Elvis e a dona da capela.


Lançou recentemente Com Todo o Respeito, sobre este trabalho diz que: "É um disco perfeitamente despretensioso. Não tenho nenhuma ideia inovadora em relação à música, continua a ser o meu estilo, a minha maneira de escrever. Deixo as ideias correrem e gosto de me surpreender."
"Página em Branco" é o nome do 1º single deste novo álbum, que estreou em Setembro na sua página oficial do facebook.



13 álbuns editados; muitos singles e EP's; várias coletâneas e colaborações; projetos como Palma's Gang, Rio Grande, Cabeças no ar e Palma & Friends; um livro de poemas e uma biografia oficial fazem parte da sua carreira.
Em tempos disse que a sua vida tem tantas histórias que nunca vai conseguir contá-las todas...
Tem respeito pelas pessoas que não desistem das suas ideias, das suas intenções e das que se mantêm fiéis aos seus valores.
Agora já só pensa em ser avô.

fotos daqui, daqui, daqui e daqui.

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim

Quero-te bem.
Encosta-te a mim.

24/01/2012

galeria entrevista José Cabral

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre o José Cabral.


O José tem 31 anos e é de Lisboa.
Estudou Sociologia, foi comissário de bordo e até há pouco tempo trabalhava na banca. Por sentir que precisava de ter um projeto pessoal e criativo que lhe proporcionasse uma experiência diferente daquela que tinha profissionalmente, criou há 3 anos O Alfaiate Lisboeta. A inspiração veio dos blogues de street style em geral, como este. Mas O Alfaiate Lisboeta tem algo diferente, não se resume apenas a moda. "Acaba por ser um blogue de crónicas. Por uma razão muito simples, eu não percebo nada de moda. A experiência que eu tenho na moda é muito empírica, muito simples, é aquilo que vejo… a minha sensibilidade pessoal".
Atualmente colabora com a Vogue e com a Metro International e assina na Revista do Expresso uma página sobre tendências. Quer dedicar-se exclusivamente ao blogue e a projetos relacionados com este tema. Para além disso, gosta de praticar desporto, sair com os amigos e viajar.
O José foi o Vencedor do Fashion Award na categoria de Melhor Comunicação Digital na Fashion TV. Parabéns!
Vale a pena ler este post: Três anos de uma cena tosca.

oalfaiatelisboeta.blogspot.com
É licenciado em Sociologia mas nunca exerceu. Porquê?
R: Nunca cheguei a tentar. Em todo o caso tive sempre a sensação que, mesmo que o tivesse feito, não teria tido muito sucesso.

Atirou com a banca para trás das costas. Foi uma decisão difícil?
R: Não tanto por ter deixado a banca em particular mas por ter abdicado dum trabalho que, muito objetivamente, me dava bastante segurança.

Como é que aborda as pessoas na rua? Fica a observá-las durante muito tempo e depois é que avança?
R: Não tenho nenhum método específico. Abordo-as quando as vejo. Desconfio que se ficasse muito tempo a contemplá-las me arriscaria a perdê-las (risos)

E, normalmente, é bem recebido?
R: Sim.

Em que momento é que percebeu que o blogue que tinha criado quase como hobby se estava a tornar num fenómeno da blogosfera?
R: O blogue tem apenas três anos. Acredito que seja até um espaço de tempo curto para o que tem acontecido mas para mim, que vivi tudo isto de forma muito pessoal e algo intensa, parece-me já um longo percurso. Ao longo deste itinerário houve vários momentos em que senti que foram dados passos importantes no reconhecimento do meu trabalho ou que estava a concretizar achievements com um significado especial para mim.

Ficou contente com o prémio que recebeu?
R: Fiquei muito contente.

Continua a achar que não percebe nada de moda?
R: Continuo a achar que não percebo muitos conteúdos sobre moda.


 Anda sempre com a máquina fotográfica?
R: Não. O blogue existe porque, de alguma forma me realiza e faz feliz. Acho que se fosse escravo d´ O Alfaiate Lisboeta (ou neste caso, da máquina) já teria perdido a alegria que tenho em continuar a partilhá-lo com os outros.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Trabalhei quatro anos num banco onde, como imaginará, os horários são um ponto importante. Agora estou a viver o preciso contrário. Não tenho horários para nada. Por enquanto está-me a dar muito gozo.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Tenho alguns.

Para além de escrever e fotografar, o que mais gosta de fazer?
R: A sua pergunta desperta-me um receio antigo - não saber o que quero fazer. Tenho umas ideias mas a verdade é que o próprio O Alfaiate Lisboeta tirou algum peso sobre mim porque as coisas se têm sucedido de uma forma muito natural e este tem sido um projeto onde, no fundo, me fui descobrindo. Isto pode soar tremendamente esotérico mas é muito concreto. Comecei a fazer coisas nas quais já tinha pensado um dia mas para as quais não achei nunca que me fosse dada a oportunidade para fazer.

fotos daqui, daqui e daqui
E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Como dizia há pouco a minha vida sofreu uma mudança grande recentemente. Ainda me ando a felicitar por não ter mais de fazer um conjunto de coisas que a minha ocupação profissional me obrigava fazer.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: O Fernando Alves. Um dos fundadores da TSF e autor das mais belas crónicas de Rádio (a ouvir aqui). Lembro-me de ouvi-lo a caminho do banco e de me sentir inspirado, diariamente, pelos seus conteúdos e pela estética sonora brilhante que pauta o seu trabalho.

22/01/2012

Resumo da semana :: 9

Domingo é dia de resumo. Esta semana, a galeria portuguesa falou sobre Sílvia Alberto e António Torrado.
Entrevistou a Sara Bernardo e a Rita Cordeiro. E apresentou o Chapitô.

Aproveite para ver ou rever.

20/01/2012

galeria apresenta Chapitô

Todas as sextas-feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, projeto, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, apresentamos o Chapitô.


Uma casa de reclusão de raparigas transformou-se numa casa de cultura para todos. Integrar e Incluir é o lema da intervenção Social do Chapitô, que não precisa de grandes apresentações mas merece um destaque na galeria portuguesa.

Fica na Costa do Castelo em Lisboa e é um espaço pluridisciplinar onde se desenvolvem atividades em três áreas distintas em permanente articulação: Apoio Social, Formação e Cultura.
Este trabalho de animação sociocultural, virado para as artes circenses, é feito junto de crianças e adolescentes oriundos de bairros problemáticos e de jovens entregues pelo Tribunal de Menores às instituições de reinserção social.
O Chapitô é uma associação cultural sem fins lucrativos, ONGD e Instituição Particular de Solidariedade Social, com estatuto de Superior Interesse Social e Manifesto Interesse Cultural.
Em 2009 foi o vencedor do Prémio Gulbenkian Beneficência.



É impossível falar do Chapitô sem falar de Teté, a mulher-palhaço, ou melhor Teresa Ricou, presidente da instituição e mentora de todo este projeto, pedagoga, ativista e profundamente humanista. A história da sua vida confunde-se com a história de um país democrático, que quis ver na cultura um modelo e um pilar estruturante.
Sobre o Chapitô, diz assim:
"O Chapitô é circo, é redondo, é multicultural, é fantasioso! É real e vinculativo nas solidariedades. As principais armas de combate são as artes. O campo de combate é o mundo na sua diversidade e nos seus paradoxos."

fotos daqui, daquidaqui.

Chapitô
Costa do Castelo, n.º 1 / 7
1149-079 Lisboa - Portugal
chapito.org
chapitoblog.blogspot.com
facebook

Consulte aqui a agenda.
E aqui a programação do Bartô

19/01/2012

galeria entrevista Rita Cordeiro

Quinta-feira também é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Rita Cordeiro.


A Rita nasceu em Coimbra em 1974 mas viveu em Leiria até aos 17 anos.
Frequentou o 1.º ano de Pintura na ARCA.ETAC e fez uma licenciatura de Design de Comunicação Visual na ESAD de Matosinhos. Trabalhou como designer durante 12 anos em agências e ateliers em Lisboa, onde se especializou em Design Editorial, mas fartou-se da rotina da grande cidade e voltou para Leiria.
Quando era pequena era muito irrequieta. A avó paterna descobriu uma forma de a distrair, ensinou-a a fazer renda "na altura não se utilizava a expressão crochet ou tricot, fazia-se renda e malha".
A renda hibernou até que se tornou mãe, e foi com o nascimento da filha que voltou a pegar nos tesouros de família, feitos pela mãe, avós e tias. Chegou à conclusão que ainda sabia pegar na agulha e deitou mãos à obra. Descobriu lã 100% portuguesa de uma fábrica que tinha fechado, com cores impressionantes, e chegou a dois modelos de golas, que se multiplicaram em muitos outros acessórios de lã integralmente feitos à mão e criou a marca wooler. Mais tarde, criou a cooler, com acessórios mais frescos, executados em malha de jersey de algodão e crochet.
Gosta de andar a pé, é uma sapatólica inveterada e adora música e fotografia. É membro convidado do banco de imagens Getty Images. Publica o seu trabalho, música, pensamentos e registos de sítios, coisas e pessoas no seu blogue in my pocket.
Se quiser aprender com a Rita, inscreva-se num workshop de crochet na Retrosaria.

lojas
cooler-shop.blogspot.com
wooler-shop.blogspot.com

facebook
cooler
wooler

in-my-pocket.blogspot.com
flickr.com/photos/inmypocket






A Rita já saltitou de cidade em cidade. Faz parte da sua personalidade irrequieta?
R: As mudanças foram sempre fruto da circunstância de viver numa cidade de província onde a oferta, quer a nível de ensino superior, quer a nível de mercado de trabalho na minha área, era muito reduzida. Mas é verdade que gosto de recomeços e de páginas em branco e da imensidão de possibilidades em aberto.

Gostava de ter um espaço loja/ atelier/ galeria/ editora/ sapataria. Fale-nos desse sonho.
R: Acho que o sonho de qualquer Designer é ter o seu próprio atelier. No meu caso, conjugam-se uma série de fatores que tornariam esse espaço num espaço multidisciplinar: um sítio onde eu poderia fazer o meu trabalho gráfico, com uma forte vertente editorial (livros e música), onde seria possível ver e adquirir as minhas peças, onde poderia haver ciclos de exposições de outros autores de quem gosto particularmente e onde não poderiam faltar os sapatos/sapatilhas, numa seleção muito cuidada de marcas e modelos.



Como é que surgiu o blogue in my pocket?
R: As minhas mudanças de cidade sempre implicaram distância das pessoas que me eram próximas. Viver longe é difícil e o conceito da expressão "no meu bolso" era utilizada por mim como uma forma ideal de não me separar das muitas pessoas/coisas favoritas. Tornava-as portáteis e levava-as no bolso.
Quando fui mãe em 2006, nos meses em que estive de licença de maternidade, pareceu-me útil para a minha sanidade mental ter um objetivo para além de manter a minha filha viva e feliz. Porque estar com um bebé pequenino 24/24 horas é maravilhoso, mas também nos retira alguma perspetiva sobre nós, sobre aquilo que somos para além da maternidade que, de repente, passa a preencher cada nano-segundo da nossa existência diária. E foi assim, quando a minha filha tinha 3 meses, que venci a timidez e comecei um blogue, que tencionava ser um aglomerado das coisas de que gosto e que me preenchem os dias, a vida. E, depois de muito pensar sobre um nome, voltei então à expressão que resume tudo: in my pocket.

As golas começaram como hobby ou percebeu logo que tinha material para negócio?
R: Quando voltei ao crochet, fi-lo para suprir as minhas próprias necessidades, Resolvi fazer golas tubulares porque não sou grande entusiasta das pontas soltas dos cachecóis.
Quando pus as primeiras fotos no flickr e, para grande surpresa minha, tive uma avalanche de comentários e encomendas. A partir daí foi impossível parar de ter ideias e de experimentar novas peças (o chamado efeito bola de neve) e a família wooler foi crescendo. E depois surgiu a cooler.




A Rita optou por ser o modelo dos seus produtos na internet e mostra a cara (ao contrário da maioria). Como é que isso aconteceu?
R: Foi mais uma inevitabilidade do que uma escolha, a velha máxima do quem não tem cão, caça com gato.
As primeiras fotos de que falei, as tais que mostrei no flickr e que motivaram tudo, mostravam a minha cara. Depois disso foi a forma natural de prosseguir.
Eu não tinha ninguém que pudesse posar para mim, e pôr as peças num manequim clássico, na altura não me pareceu uma boa alternativa porque tornava a coisa muito impessoal. E não era isso que eu queria.
Já me arrependi várias vezes, claro, porque me criou uma obrigatoriedade difícil de lidar com a minha cara e toda a gente compreende que nem sempre nos apetece olhar para nós e ser confrontados com a nossa imagem. Para além disso, há aquela coisa estranha de desconhecidos me reconhecerem nos sítios mais improváveis. Algumas pessoas são simpáticas e interagem, mas depois há as outras que são incapazes de dizer olá, limitando-se a observar-me com uma curiosidade incómoda enquanto faço compras ou passo na rua.
Já manifestei vontade de deixar de me fotografar às pessoas que seguem o meu trabalho, mas tive sempre a mesma resposta: o teu trabalho está associado à tua imagem. E percebi que não podia voltar atrás.
Acho que as pessoas se identificam com as fotos porque eu sou uma pessoa normal e não um modelo profissional. Sou apenas o manequim animado que dá, literalmente, forma às peças.

Quem é que a fotografa?
R: Sou eu que faço tudo, à semelhança do homem dos sete instrumentos, e as minhas fotos da cooler e da wooler são todas auto-retratos.
Aliás, acho que era incapaz de posar para alguém. Já o fiz, quando era mais nova, e foi sempre uma experiência difícil. A minha timidez prefere assim.
Mas adorava poder ter alguém para fotografar!



workshops de crochet na Retrosaria. Como é que surgiu este convite? E como é a Rita a ensinar?
R: Desde que abriu a Retrosaria, há workshops regulares de costura e tricot, para além de outros mais esporádicos noutras áreas.
O convite surgiu após eu e a Rosa Pomar nos conhecermos pessoalmente.
Eu não serei a pessoa indicada para dizer como sou eu como professora, mas sim as alunas da Retrosaria.
Posso apenas dizer que ensino o que sei, da melhor forma que sei.

Anda sempre com a máquina fotográfica?
R: Sempre. Funciona como um registo para memória futura.
E agora tenho finalmente um iphone, um dos meus objetos de desejo desde há muito tempo, que com a maravilhosa aplicação instagr.am se tornou mais uma forma de registo diário altamente viciante.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Se houvesse um top 3 mundial para as pessoas desorganizadas, eu estaria certamente no pódio.
Acho que nasci com uma alteração no gene do multitasking e tenho vindo a forçar-me a melhorar e a não fazer uma infinidade de coisas ao mesmo tempo, mas nem sempre consigo. O que muitas vezes me obriga a parar para perspetivar e tentar um sistema de organização muito próprio, porque a coisa chega a atingir níveis de parafernália.
Resumindo, tento organizar-me (com as encomendas tem mesmo que ser!), mas o que eu gosto mesmo e o que me é natural é trabalhar por instinto.




Tem projetos para um futuro próximo?
R: De alguns ainda não posso falar, porque não são só meus e ainda estão no segredo dos deuses.
Mas a curto prazo tenho planos para uniformizar as marcas e as respetivas lojas, tornando a escolha e a compra mais simples e diretas, e alargar, muito em breve, a cooler e a wooler ao universo das peças de decoração e utilitários domésticos.

Para além de se dedicar à wooler e à cooler, o que mais gosta de fazer?
R: Livros. Adoro fazer livros.
Descobrir tesouros "vintage".
Passear, de preferência a pé e com banda-sonora.
Tirar fotografias, comer gelados e dormir ao sol.



E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Porque a vida acontece a uma velocidade estonteante e pode acabar de repente, há relativamente pouco tempo senti na pele aquela coisa de passar a valorizar as pequenas coisas.
Interiorizar isto de forma profunda faz com que até as coisas pelas quais temos menos simpatia ganhem outro sentido.
Dito isto, hoje em dia há poucas coisas de que eu não goste, mas se tiver mesmo que escolher, e porque às vezes parece mesmo uma verdadeira perda de tempo, de tão efémero que é o efeito: limpar a casa de banho e passar a ferro.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: É uma escolha difícil, porque há várias figuras que me marcaram e cuja obra admiro muito.
Adoro todo o trabalho gráfico do Sebastião Rodrigues, figura incontornável do Design Gráfico em Portugal, nomeadamente no âmbito do Design Editorial, com todas as magníficas capas de livros que fez. E há duas mulheres que considero extraordinárias: a Lourdes Castro e a Helena Almeida.