30/06/2012

Avesso


O AVESSO é um café, bar e galeria que fica no centro histórico da cidade de Esposende. É um espaço novo mas com as características originais da casa centenária onde está integrado. De desenho minimalista mas sem esquecer as referências à tradição portuguesa.
O Avesso tem um ambiente descomprometido com gastronomia variada. A cozinha é internacional, com ênfase para a portuguesa e vegetariana.



Cruzam artes plásticas, com música, design e gastronomia, através de exposições regulares e de música ao vivo. É um espaço de promoção de cultura e de novos artistas. No Avesso também se lê, há jornais e livros à disposição.
Heymikel, Lord Mantraste, Artur Escarlate, Tiago Lourenço, Mariana, a Miserável, Cátia Vidinhas, Maria Pepita, Wasted Rita, Joana Rosa Bragança, Marta Madureira, Ralg e, claro, o artista residente Anoik, são alguns dos nomes que já se viraram do Avesso!




Hoje, e para acabar bem o mês, há mais uma exposição a não perder:
Ilustre Ilustração 10 - Júlio Dolbeth Illustration vs Anoik.

Rua Senhora da Saúde, 36
4740-289 Esposende

avesso36.blogs.sapo.pt
facebook.com/Avesso36

29/06/2012

galeria apresenta YOYO

Todas as sextas feiras a galeria portuguesa apresenta uma loja, ideia, grupo, evento, marca ou produto, com uma única regra: Tem que ser nacional!

Hoje, a galeria apresenta a loja YOYO.


Abriu a loja YOYO. Uma loja que comercializa objetos eternos, peças de mobiliário e de iluminação desenhados e produzidos no século XX.
Fica no centro de Lisboa, perto do jardim do Príncipe Real. Neste espaço podemos encontrar uma seleção de objetos de produção nacional, pontuada por peças de origem internacional.
Toque à campainha e veja uma homenagem ao design de mobiliário português.

A YOYO é um projeto da rpvp designers e do Arquiteto Ricardo Paulino.
A rpvp designers é um atelier de design de comunicação fundado em 2002 pelos designers Rui Penedo e Vítor Paulino. Ao longo do seu percurso tem trabalhado em projetos para a Universidade de Lisboa, a Quetzal Editores, a Porto Editora, a Bertrand Livreiros, a União das Misericórdias Portuguesas, a Câmara Municipal de Lisboa e o Ministério da Segurança Social, entre muitos outros.

facebook.com/yoyoobjects



Rua Arco a São Mamede, 87A
1250-027 Lisboa
segunda a sexta: 11h00 - 13h00 e 14h30 - 19h00
sábados: 14h30 - 19h00
encerra domingos e feriados


Algumas peças disponíveis na YOYO:

Cadeira, 1978
Gastão Machado, Móveis Olaio
Cadeira bélgica, 1960
José Espinho, Móveis Olaio
Aparador, Móveis Olaio, 1965
José Espinho, Móveis Olaio
Móvel arquivador de gavetas, 1950
Autor desconhecido
Cadeirão, 1960
Autor desconhecido
Cadeiras, 1970
FAMO

Créditos fotográficos: Mário Ambrózio e Adélia Azedo

26/06/2012

galeria entrevista Rita Correia

Terça-feira é dia de entrevista na galeria portuguesa.
Saiba um pouco mais sobre a Rita Correia.


A Rita vive em Santarém. É Licenciada em Antropologia e tem 4 filhos.
Em 2005 começou a dedicar-se ao patchwork. Uma paixão que vem de criança, das "mantas de trapos" da sua trisavó.
É uma autodidata, apesar das noções de costura que teve quando era pequena, o resto veio por tentativa e erro, alguma teimosia e muita persistência. Gosta de criar e tem uma necessidade compulsiva de conjugar cores e padrões geométricos.
Nestes sete anos já fez centenas de peças, mantas de vários tamanhos e almofadas que encontraram caminho em várias casas espalhadas pelo país e pela europa. Aqui pode encontrar alguns dos artigos disponíveis no momento ou fazer uma encomenda de qualquer tamanho e tipo de quilt.
A Rita também organiza workshops, em resposta a muitos pedidos que foi recebendo e no próximo mês de julho o seu trabalho vai estar em exposição no café/galeria "Saudade" em Sintra. Um evento a não perder.

ritacor.com
about.me/rita.correia
ritacor.tumblr.com
flickr.com/photos/ritacor



A Rita é licenciada em Antrolopogia, chegou a exercer nessa área?
R: Não. Nunca trabalhei formalmente como antropóloga.
No entanto, com o passar dos tempos, tenho-me apercebido que a antropologia tem um papel central na minha vida, na maneira como encaro o mundo e desempenho o meu papel nele.
Sou um "animal social", gosto de observar e conhecer pessoas e de perceber o mundo à minha volta.

Para os leigos, o que é patchwork e o que é quilting?
R: De uma maneira simples e abreviada:
Patchwork é a técnica de juntar coisas umas às outras de forma a criar algo novo. É um termo normalmente associado aos tecidos, mas "qualquer conjunto formado de elementos heterogéneos ou díspares" (in Priberam) pode ser um patchwork.
A tradução mais aproximada para a língua portuguesa é a palavra "trapologia", mas no entanto limita o uso semântico da palavra apenas aos têxteis.
Quilting é um termo inglês que quer dizer "acolchoado".
É uma técnica associada ao patchwork clássico, que designa a técnica de pespontar uma peça de patchwork, seja para lhe dar mais resistência, seja por mero efeito decorativo.


A paixão vem desde criança mas só se iniciou nesta atividade depois de ser mãe. Porquê?
R: Desde pequena que me lembro de "brincar com trapos".
A minha bisavó era uma hábil modista/costureira e eu passava as férias de verão com ela. Além de correr atrás dos gatos e subir às árvores (sim, era um bocado maria-rapaz) passava largas horas no seu atelier de costura a brincar com os restos de tecidos.
Nessa altura era demasiado impaciente e irrequieta para estar sentada a costurar ou a bordar, preferia ir brincar para o quintal ou ir à pesca com o meu bisavô. Mas como passava a maior parte do tempo com a minha bisavó, e ela estava sempre a trabalhar, fui aprendendo nessa altura tudo aquilo que hoje sei. Uma das coisas que mais gostava de fazer era apanhar bocadinhos de tecido e guardá-los em saquinhos. Depois fazia mantas para as bonecas e colagens onde juntava os pedaços que mais gostava.
O patchwork não era novidade: tínhamos várias peças de patchwork feitas pela minha trisavó, entre mantas, almofadas e sacos. Tinha um fascínio especial por essas peças, para as quais gostava de ficar a olhar e tentar perceber como eram feitas.
Cresci rodeada de costureiras e máquinas de costura. Além do atelier da minha bisavó, que tinha aprendizas, o meu avô materno trabalhava na (extinta) Singer Portugal numa altura em que "cada lar português tinha uma máquina de costura".
Até hoje, a única máquina de costura que comprei é uma vulgar máquina portátil, adquirida para facilitar as minhas deslocações nos workshops que dou. Trabalho apenas com máquinas antigas (a mais antiga com quase 80 anos e a mais recente com 30) que herdei da minha bisavó. Recebi de presente a minha primeira máquina de costura, que ainda hoje uso, quando tinha 6 anos.
Talvez por toda esta proximidade com o mundo da costura e a omnipresença que ele tinha na nossa família, nunca lhe dei especial importância. Costurar era uma prática era normal, fazia parte dos dias.
Quando era pequena era a minha bisavó que fazia toda a roupa que eu vestia, e na minha adolescência passei eu a fazer, com a preciosa ajuda dela, algumas das coisas que usava.
Os meus filhos mais velhos (hoje com 16 anos) ainda tiveram todo um enxoval feito por ela. Seria o último que faria.
Quando engravidei do meu filho do meio, agora com 9 anos, ela já não costurava. Foi nessa altura, associado ao click da maternidade e do "síndrome do ninho", que fui recuperar tudo o que tinha aprendido e fiz as minhas primeiras mantas de patchwork.
Posteriormente, tive uma menina depois de 3 rapazes, e a vontade de fazer vestidos e lençóis de folhos tomou conta de mim :)
O facto de ter ficado em casa durante 2 anos a tomar conta dos filhos pequenos a tempo inteiro, foi o momento decisivo que me fez voltar às linhas e agulhas e começar a fazer coisas. Sou hiperativa e não consigo estar parada.
O patchwork impôs-se de imediato, em detrimento da costura "pura e dura", por ser uma forma de fazer coisas úteis e bonitas de se ver. Aliado à possibilidade de usar muitos dos tecidos que sempre fui acumulando ao longo dos tempos.
O apoio incondicional que a minha bisavó me deu nessa altura, encorajando-me e dando dicas técnicas, confesso que foi fundamental. Nessa altura, senti o "peso" de todo um legado familiar que quis preservar.
Na altura era apenas para consumo interno. Depois comecei a fazer coisas para as amigas que íam tendo filhos e me pediam.
Posteriormente, o vício do patchwork instalou-se definitivamente a percebi que das duas uma: ou começava a por as minhas peças à disposição de outros, ou tinha de parar.
A pouco e pouco a coisa foi crescendo, eu fui aprendendo cada vez mais e o patchwork, os tecidos e as cores instalaram-se definitivamente como parte integrante da minha vida.

Qual é o processo normal para a criação de uma peça? Começa pela escolha dos tecidos ou pela forma?
R: Depende de muitos fatores. O meu processo criativo é muito diverso.
Digamos que a minha "inspiração" vem de tudo, literalmente tudo, à minha volta. Pode ser uma imagem que vejo, pode ser uma música, pode ser uma história, pode ser uma circunstância muito própria da minha vida pessoal.
Tanto posso ficar com vontade de trabalhar/explorar uma forma específica de patchwork, como ficar fixada numa determinada cor ou tecido e começar tudo a partir daí.
Mas a escolha dos tecidos é fulcral e determinante em todo o meu trabalho.
As ideias são o embrião e os tecidos o ponto de partida.
Às vezes desenho as peças que idealizo, mas outras vezes começo a cortar e a coser sem nenhum plano específico.
Muitas mantas vão ganhando vida própria à medida que as vou fazendo, e acabam até por ser bem diferentes do que inicialmente tinha pensado.


Como é que começou a divulgar o seu trabalho?
R: Como toda a gente na era da internet: através do meu blogue.

Qualquer pessoa pode frequentar um workshop, mesmo que nunca tenha pegado numa agulha?
R: Depende. Há workshops para iniciados, mesmo que nunca tenham pegado numa agulha, e outros para quem já tem conhecimentos básicos de costura.

Como é que surgiu esta exposição que vai acontecer em Sintra?
R: Conheci a Mary, proprietária do Saudade, através da internet, há alguns anos atrás.
Tal como muitas outras pessoas, acompanhei através da internet, o nascimento do projeto Saudade, tal como ela tem vindo a acompanhar o meu trabalho, sendo ela própria uma apaixonada pelo mundo do patchwork.
No início deste ano, a Mary propôs-me fazer uma exposição lá, à semelhança de outros projetos artísticos e artesanais que tem divulgado, e eu aceitei de imediato.
Expor o meu trabalho fora dos circuitos normais onde me encontro sempre foi uma vontade da minha parte. Espero que esta seja a primeira de muitas vezes.


Chegou a fazer coleções de roupa para criança com o nome Dressing Fairytales. Este projeto acabou?
R: O projeto Dressing Fairytales nasceu da minha vontade de fazer roupa para crianças, porque a fazia para os meus filhos mais pequenos, e da minha obsessão por tecidos com histórias infantis, que tenho vindo a colecionar ao longo do tempo.
O projeto não acabou, digamos que está em hibernação.
O que se passa é que fazer roupa é um processo muito mais complexo e consumidor de tempo do que o patchwork. E os meus dias, embora muitas vezes não pareça, têm apenas 24 horas ;)
No ano passado a minha vida pessoal e profissional teve várias mudança e o Dressing Fairytales foi umas coisas que tive de deixar de lado, em nome de outras prioridades.
Mas vai voltar!

Também se dedica à temática da gravidez e parto. É uma das doulas certificadas da Associação Doulas de Portugal. O que é exatamente uma doula?
R: "Uma doula é geralmente uma mulher com experiência de maternidade, que está ao lado da mãe durante o seu parto, ajudando-a a sentir-se segura de modo a que ela consiga mais facilmente dar à luz.
A doula é nos dias de hoje uma profissional da humanização do parto, que vê o parto como um evento normal e pleno de significado na vida das mulheres, e o compreende como um processo fisiológico, que não pode ser desligado das dimensões física, psicológica, sexual, afectiva e espiritual do ser feminino." (definição do site).
Não exerço profissionalmente o papel de doula há cerca de 2 anos, precisamente pelos constrangimentos de tempo a que tenho de me obrigar para conciliar todas as facetas da minha vida, mas sou e sempre serei uma ativista acérrima dos direitos sexuais e reprodutivos. E nesse campo, trabalho todos os dias.



Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Organizo os meus dias, de outra forma era impossível conciliar todas as coisas distintas a que me dedico.
Trabalho fora de casa 2 dias por semana. O meu emprego "formal" passou a part-time há 4 anos atrás, quando o meu filho do meio entrou para a escola primária e senti necessidade de estar mais disponível para o acompanhar.
Dos outros 3 dias da semana, um é dedicado à costura "pura e dura", outro a atualizar blogue, fotografias e trabalho burocrático, e outro ao Cineclube de Santarém, projeto a que me dedico de alma e coração desde há 3 anos, onde tenho o privilégio de desempenhar, entre outras, uma profissão em vias de extinção - projecionista.
Os fins de semana são dedicados a tudo um pouco: família, amigos, filmes, costura, trabalho doméstico, dolce far niente... a única coisa que muda é a ausência de horários a que os dias de semana obrigam.
Mas funciono muito por impulso, quando tenho uma ideia não descanso enquanto não a concretizo e aproveito todos os minutos disponíveis para o fazer.

fotografia de Rui Miguel Félix

Tem projetos para um futuro próximo?
R: A minha vida é todo um projeto apaixonante que vivo a tempo inteiro :)

Para além de quilting & patchwork, o que mais gosta de fazer?
R: Sou viciada em cinema e fotografia. Não consigo passar uma semana sem ver um filme e ando sempre com a máquina fotográfica comigo.
Sou uma leitora compulsiva, daquelas que não consegue adormecer sem ler umas linhas. Sou dependente de música: no computador, no ipod, no velho gira-discos ou ao vivo e a cores.
Toda a gente cá em casa toca um instrumento musical e o meu luxo, infelizmente cada vez mais incomportável,  são os concertos.
Gosto, como toda a gente, de passear.
Gosto de fazer puzzles e palavras cruzadas, gosto de escrever, gosto de praia, gosto de cozinhar, gosto de estar com os amigos, gosto de rir, gosto de dançar, gosto de abraçar aqueles de quem gosto.



E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Do som do despertador pela manhã. Sou daquelas pessoas que adia sempre um bocadinho mais o momento de deixar dos lençóis.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Ana Hatherly. A sua obra pluridisciplinar abarca de forma sublime tudo aquilo que mais gosto: poesia, artes plásticas e cinema.

25/06/2012

Resumo da semana :: 28

Domingo é dia de resumo.
Esta semana a galeria portuguesa falou sobre a Ângela Correia, apresentou a banda portuguesa The Soaked Lamb e a marca Econ shirts.

Aproveite para ver ou rever.

24/06/2012

Econ shirts


As Econ shirts são feitas à mão por uma costureira de noventa anos de Lisboa.
Estão à venda na Paez Shoes Store em Lisboa, na Rua das Janelas Verdes, nº 90 ou através de encomenda por e-mail.
Escolha a sua!

facebook.com/econ.clothing



20/06/2012

The Soaked Lamb

A banda portuguesa The Soaked Lamb nasceu em 2006. É composta por seis músicos multi-instrumentistas.
Um dos membros tinha um apartamento dividido em muitas assoalhadas e uma varanda com uma vista soberba. Nesse espaço foram gravando e chegando a outros músicos. Depois começaram os ensaios para poder tocar ao vivo. O dono da casa fez, algumas vezes, ensopado de borrego e foi assim que a banda ganhou um nome. O primeiro CD chamou-se Homemade Blues, e o segundo Hats & Chairs. Com este álbum ganharam o Prémio Pop Eye 2011 e foram considerados melhor artista português.

foto: Manuel Portugal

Dizem que não soam apenas a blues ao estilo de Piedmont, também trazem bocadinhos de ragtime, boogie-woogie, swing e gospel.
Já tocaram por todo o país e participaram em bandas sonoras de filmes, como A Arte de Roubar de Leonel Vieira.
Os concertos passam-se sentados, o público e a banda. E Todos usam chapéu. Miguel Lima, Tiago Albuquerque, Mariana Lima, Vasco Condessa, Afonso Cruz e Gito.

O novo disco chama-se Evergreens e é composto por 12 temas revisitados a partir de originais de Hank Williams, Georgia White e Merle Travis, entre outros.
Neste álbum podemos descobrir sonoridades como gospel, country, jazz, blues, samba e canção mexicana e ainda três novas versões de canções dos próprios The Soaked Lamb e também um inédito.
O single de apresentação é A Flor e o Espinho, do brasileiro Nelson Cavaquinho, que contou com um arranjo de cordas de Rodrigo Leão.



soakedlamb.blogspot.pt
facebook.com/thesoakedlamb
myspace.com/thesoakedlamb

19/06/2012

Ângela Correia


A Ângela é, há 22 anos, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leciona disciplinas como Práticas de Redação e Argumentação, Revisão de Original, Crítica Textual e Literatura Medieval. Além de ser autora de bibliografia científica, escreveu dois romances: Enganos (1997) e Relógios (2010). Estreou-se este ano na literatura para a infância com o livro Guilherme e os Agriões.

A Ângela tem também um blogue, chama-lhe diário irregular, onde escreve coisas bonitas como esta:


Não sei

Está quase
Mandaram recado a dizer que está quase
Mais de um recado; dos que custam a mandar e incertamente chegam.
Sinto a impaciência crescer aqui, onde as costelas se afastam
e poderiam confundir-se com o pormenor de uma borboleta.
Falta pouco, eu sei que falta pouco, já percebi, não nego, não me oponho.
A garganta queixa-se de pressão inusitada
a nuca de um caminho de formigas que corrói.
Volto-me ao movimento da sombra
que também mo diz, mesmo se afinal não era.
Disse-mo a matrícula de um carro branco e
os números iluminados do relógio digital.
Falta o equivalente na eternidade
a dois minutos, não mais.
Ouço passos de ninguém.
Move-se o ar a passagem nenhuma.
Está quase, eu sei.
Disperso, incontenho-me junto à cancela do tempo
e o ar força passagem pelas narinas, aos repelões.
Todos os sinais me chegaram: está quase, falta um pouco que é quase nada.


ngelacorreia.wordpress.com

18/06/2012

Resumo da semana :: 27

Depois de umas férias a galeria portuguesa regressou com uma nova imagem. A responsável por este trabalho foi a sufragista Filipa Cruz que foi também a entrevistada desta semana. Obrigada.

A galeria portuguesa ainda apresentou a Galeria Surf Leça, falou sobre a Casa Ruim e o Faz Música Lisboa!

Aproveite para ver ou rever.

16/06/2012

Faz Música Lisboa!


O projeto Faz Música Lisboa! está inserido na festividade internacional Fête de la Musique e consiste na organização de uma festa dedicada à música ao vivo, realizada num dia, no seio da cidade de Lisboa e de livre acesso para os participantes.
Os valores da Festa baseiam-se no envolvimento da sociedade civil à volta dos músicos amadores e profissionais da sua cidade, criando valor cultural e promovendo os espaços citadinos.
Seguindo a tradição da Fête de la Musique, celebrada internacionalmente no mês de Junho e presente em 116 países e 450 cidades, participam na Faz Música Lisboa! estilos musicais tão diversos como Rock, Bossa Nova, Fado, Folk e Música Clássica.
A organização do evento está a cargo da Associação Faz Música Lisboa, fundada em 2010 por João Cruz, Nuno Almeida e Diogo Santos mas atualmente são já 13 colaboradores.

A segunda edição deste projeto acontece hoje, dia 16 de Junho de 2012. Conta com a participação de mais de 50 grupos musicais em palcos espalhados pela cidade de Lisboa até às 2h da manhã.

Jardim das Amoreiras
Jardim do Príncipe Real
Miradouro S. Pedro de Alcântara
Jardim da Estrela
Museu Vieira da Silva
Jardim Botânico
Largo de S. Carlos
Avenida da Liberdade

Aqui pode consultar o programa completo e aqui pode fazer uma pesquisa por local ou estilo.

fazmusicalisboa.com
facebook.com/FazMusicaLisboa



Faz Amigos
Faz Acontecer
Faz Ao Ar Livre
Faz A Pé
Faz História
Faz Turismo
... Faz Agora
Faz A Cidade
Faz Som
Faz Diferente
Faz Amor
Faz Tu
Faz A Festa
Faz Rock
Faz Fado
Faz Blues
Faz Folk
Faz Erudita
Faz Jazz
Faz

15/06/2012

Casa Ruim: Vamos lá começar outra vez!


Em fevereiro a galeria portuguesa fez um post sobre a Casa Ruim. Uma loja em Torres Vedras, fundada em 2009.
A Vanessa e o João anunciaram há uns dias que a loja vai fechar as portas. Assim:


...e chega o dia em que tínhamos que vos contar que vamos ter que dizer adeus à nossa loja em Torres Vedras.
No próximo dia 13 de Junho a loja fará 3 anos e será o nosso último dia de porta aberta. Vamo-nos recriar, vamos estar mais online, mas também mais na rua em Feiras e em actividades ao ar livre.
A CASA RUIM somos NÓS - Vanessa Éffe e João Faustino, o que atingimos até agora não irá desaparecer, simplesmente vai deixar de ter loja física. Quem gosta de nós, irá continuar a acompanhar o nosso projecto, disso temos a certeza!
Faremos uma festa de encerramento no sábado dia 16 de Junho, que entretanto iremos divulgar e que vamos querer muito que apareçam!


A festa de encerramento é amanhã (apareçam!). Um evento com o nome: Vamos lá começar outra vez! Esperemos que o encerramento seja apenas do espaço físico e que continuem o bom trabalho. Até já.

casaruim.com
casaruim.com/blog
facebook.com/casaruim

14/06/2012

Galeria Surf Leça

A Surf Leça é uma escola de surf e bodyboard onde também se aluga equipamento que fica mesmo em frente à praia.
Neste espaço nasceu uma Galeria pelas mãos da Filipa Costa que herdou do pai o espírito empreendedor, foi ele o fundador e proprietário da primeira loja de surf em Leça.
A Filipa terminou a licenciatura em História de arte e decidiu levar mais longe a cultura do surf, sem esquecer temáticas como o skate, o snowboard e a street art.


Se o Surf é uma realidade de Leça porque não vê-lo de uma forma artística?
Na Galeria Surf Leça pode desfrutar de uma exposição de arte, comprar artesanato urbano e artigos regionais, ao mesmo tempo que aluga uma prancha ou marca uma aula de surf ou bodyboard.
Até 8 de julho está patente a exposição – "It´s All About Surf…by Joaquim Cruz" que reúne 14 obras do artista, realizadas entre 2001 e 2011.


Há mais exposições agendadas e muitos planos para o futuro: realização de workshops, intervenções urbanas, aulas de ioga, sessões de cinema, parcerias com entidades ligadas ao desenvolvimento do turismo e da cultura do surf na região.
O espaço está completamente aberto a novas propostas e disponível para receber portfólios de jovens artistas ligados a temáticas como o surf, o skate e a street art.
A Filipa quer que as pessoas vivam este espaço alternativo que pode ser visitado gratuitamente.

facebook.com/galeriasurfleca

Surf Leça Av. Liberdade, 44
4450 Leça da Palmeira


12/06/2012

galeria entrevista Filipa Cruz

A galeria portuguesa está de volta e com uma nova imagem.
Hoje é dia de entrevista. Saiba um pouco mais sobre a Filipa Cruz.


A Filipa é a responsável pela nova cara da galeria portuguesa. Tem 26 anos e é do Porto. Acredita ter antepassados diretamente ligados à história da cidade, nomeadamente ao vinho do Porto. Estudou Design na Universidade de Aveiro e fez uma dissertação de mestrado sobre o comércio tradicional da cidade do Porto, o potencial da memória e o valor dos produtos nacionais e da identidade portuguesa.
Sufragista é o nome que adotou profissionalmente. É designer de comunicação e tem trabalhado pontualmente como freelancer em pequenos projetos. O seu objetivo é trabalhar em identidade corporativa, design editorial e tipografia, as suas maiores paixões no design gráfico.
Fez um estágio de seis meses num pequeno estúdio em Estocolmo e regressou a Portugal no final de Maio. Com esta aventura descobriu que só estando fora de Portugal se olha realmente cá para dentro, e que os artefactos portugueses têm um lugar lá fora, num imenso potencial a explorar.
Gosta de escrever números e datas por extenso e tem uma obsessão por tons antigos de cor-de-rosa.

asufragista.blogspot.pt
flickr.com/photos/sufragista
cargocollective.com/sufragista



A Sufragista, porquê?
R: A sufragista começou há muito tempo. No início adotei-o como nickname para usar na internet, ainda antes do tempo dos blogs. Em 2005 criei o meu blog, chamado "bazar da sufragista". A partir daí comecei a usá-lo (em português) para todas as redes da web em vez do meu nome. Só mais tarde é que me apercebi do potencial daquela palavra, e da forma como estava tão ligada a mim e de como continuava a fazer sentido.
No meu primeiro post do blog escrevi que sou: a última das sufragistas. Porque ser sufragista é acreditar numa emancipação social da mulher (e também dos homens), afastando-nos da cultura e repensando os nossos vícios e hábitos culturais. Sou sufragista porque as mulheres que há mais de um século eram assim chamadas levaram a cabo a mais fabulosa luta de sempre, na época mais incrível e estranha da história humana. Acho que ainda subscrevo isto. Escrevo e penso muito sobre os papéis de género e as questões sociais interessam-me; o papel da mulher na sociedade e a forma como as mulheres se vêem é um tema que me fascina. E acho que procuro sempre respostas para isso. A ironia é que normalmente encontro-as nas obras de autores masculinos. Por isso é que falo na emancipação da mulher e dos homens, uma emancipação dos preconceitos culturais.
Sufragista, em português, pareceu-me sempre muito sui generis. Primeiro, porque não existe realmente um movimento feminista em Portugal, e nunca existiu realmente. Segundo, porque é uma descontextualização histórica: a história das sufragistas passou-se essencialmente em Inglaterra, e tem um lugar forte nas culturas anglo-saxónicas. Uma sufragista portuguesa do século XXI que quer fazer design. É isso que me interessa, uma descontextualização que provoque uma alteração, algo deslocado.
Ao mesmo tempo também há uma certa afinidade pessoal com uma época histórica, com o fin de siécle.

Estes seis meses em Estocolmo o que é que lhe trouxeram?
R: Primeiro, trouxeram-me muitas saudades. Uma imensidão de saudades. Depois, muita aprendizagem pessoal e profissional. Mas acho que foi essencialmente uma experiência forte, marcante e algo que fiz para aprender coisas inesperadas, numa cultura que ainda conhecia pouco. Foi muito mais enriquecedor do que imaginei porque conheci muitas pessoas de países e culturas diferentes e isso é incomparável. Aprende-se uma nova escala de imaginar o mundo, e apequenam-se outra coisas que se pensavam mais importantes.
Mas as saudades surpreenderam-me. Descobri-me muito mais portuguesa do que pensava que era...


Teve saudades do ruído português...
R: Sim. Tive saudades de muitas coisas, mas o inverno, que foi a maior parte do tempo que ali passei, é incrivelmente silencioso. Na primavera muda bastante, as pessoas transformam-se muito quando vem o sol e bom tempo. Essa passagem é um coisa fantástica de se ver, a importância do sol e da luz. Fez-me perceber aquilo que muitos dizem do nosso país... essa posição geográfica mágica, com a luz única da Lusitânia. Não admira que sejamos culturalmente tão crentes no milagroso, no espiritual. Uma luz destas é coisa divina, não é coisa racional.

Diz que os designers não são artistas. São o quê, então?
R: Alguns designers podem também ser artistas. Eu sei que não sou artista. Um designer responde a um programa, a necessidades, a condicionamentos, a contextos. E deve desenvolver projectos tendo em conta essas condições, adaptando as soluções. Por isso é que vejo o designer como um intermediário, entre vários intervenientes, alguém que compreende um processo e procura as melhores soluções para esse processo funcionar. Por isso é que fazer design bom é tão difícil, são necessárias condições, tempo de planeamento e alguma abertura por parte desses intervenientes.
Em Portugal, é particularmente difícil porque as pessoas pensam que os designers são artistas, e também pensam que qualquer pessoa pode dar a sua opinião num processo criativo, o que lança uma grande confusão sobre aquilo que é ou não do domínio do designer. Em suma, perdemo-nos profissionalmente nos processos, o que, teoricamente, não é mau. O resultado é que pode ser um desastre. Isto porque o designer vive precisamente nessa ambiguidade entre a autoria do processo artístico, e a diluição dessa autoria pelo processo projetual, de respostas a uma problema.


A Filipa tem colecionado exemplos de lettering público em Portugal. Como é que começou a interessar-se por este assunto?
R: Penso que desde sempre fui muito atenta à paisagem gráfica. Mais que a paisagem natural, a paisagem urbana fascina-me, essencialmente numa escala pequena, de cidades pequenas e antigas.
Aveiro foi a cidade que me inspirou a começar uma pesquisa fotográfica, dos letreiros do comércio e das placas toponímicas da cidade.
Mais tarde fiz o mesmo exercício no Porto, ao calcorrear a Baixa a fotografar os letreiros mais especiais. Foi também uma urgência: muitos destes letterings vão eventualmente desaparecer em breve, ou vão ser alterados. No meu último ano do secundário fiz um projeto semelhante com as casas antigas do Porto. E muitas delas desapareceram, outras foram recuperadas. Sempre estive interessada em registar aspetos da cidade relacionados com a sua memória.
Entretanto, deixou de ser um interesse só pela tipografia e começou a ser um interesse pelo lettering. Estudei esses conceitos e quase que comecei a fazer uma tese sobre esse tema, mas entretanto mudei o objetivo do trabalho para a questão da memória e do comércio. Pareceu-me muito mais pertinente como tema, mas também mais urgente do ponto de vista da cidade, que era isso que eu queria estudar — a forma como as cidades lidam com o seu potencial histórico.


Todos os anos, em dezembro, faz uma compilação de músicas, num álbum com capa e tudo. É para o ano ficar arrumadinho?
R: Pois, acho que tem mais que ver com memória do que com organização (não sou muito boa nisso). Comecei estes álbuns anuais inspirada em outras pessoas que faziam o mesmo. Penso que quando era miúda gostava de fazer umas mixed tapes (cassetes com músicas variadas), e que este projeto é uma forma de fazer algo semelhante. Foi também uma forma de criar um projecto anual em que me pudesse dedicar a desenhar um album, ou seja, foi um pretexto para fazer um projeto de design gráfico, e, ao mesmo tempo, resumir a música que ouvi nesse ano. Agora funciona como um diário musical, o que me transporta para aquilo que ouvi em determinados momentos do ano.


No seu blogue, A Sufragista, há muitos excertos de textos do Miguel Esteves Cardoso...
R: Tal como introduzi no post que escrevi sobre os textos dele: Em tempos depressivos como os que se aproximam, procurei respostas no Miguel Esteves Cardoso. Gosto tanto de ouvir aquilo que ele disse que transcrevi quase metade da entrevista. Voilá.
São transcrições de uma entrevista passada na RTP, feita por um jornalista ao Miguel Esteves Cardoso, em que ele divaga sobre as questões da identidade portuguesa. Descobri que a visão dele me fascina. Porque é ao mesmo tempo uma visão portuguesa mas também de fora da cultura portuguesa, pela identidade dele ser também em parte da cultura inglesa. Mas o optimismo daquela visão é maravilhoso. E faz muito sentido para mim.

Gosta muito de fotografia. Anda sempre com a máquina fotográfica?
R: Não. Gostava muito de ser como as pessoas que o fazem, mas sou muito despassarada e pouco organizada. Até porque para fotografar tenho de sair de casa com esse objetivo. Muitas vezes saio só com a máquina e  dedico-me só a passear, observar e registar. Sou assim uma turista interna. Comecei isso em Aveiro, enquanto estudava e continuei a fazê-lo a partir daí em todos os sítios onde vivo.
A fotografia, da forma como a uso, é essencialmente uma ferramenta visual e de memória, uma forma excelente de registo. Uso-a para me lembrar dos locais e os registar numa memória futura. Por isso, tenho tendência a precisar do processo analógico, uma forma de fotografar que implica um certo tempo de espera, um impasse.

Organiza os seus dias ou trabalha por instinto?
R: Trabalho essencialmente por instinto, se bem que tento organizar o meu tempo, especialmente quando tenho projetos ou colaborações com outras pessoas.

Tem projetos para um futuro próximo?
R: Tenho ideias para um futuro próximo, mas não projetos. Acho que esses surgem naturalmente do desenrolar das coisas e das ideias. Para já penso em colaborar com amigos em projetos pequenos e tentar encontrar clientes que me queiram a fazer design gráfico como gosto de o fazer.



Para além do design, o que mais gosta de fazer?
R: Crochet e tricot! Ah, ah... Também gosto de pegar em pincéis e desenhar palavras. E gosto de escrever.

E, no dia-a-dia, o que menos gosta de fazer?
R: Ultimamente tem sido fazer malas. Detesto ter de fazer malas.

Sugira alguém português que, para si, seja inspirador.
R: Podia sugerir tantos nomes..., há tantos portugueses inspiradores de formas tão diversas. Vou-me ficar pelos antigos, do século passado: o Almada Negreiros, para mim, será sempre o artista total do século XX, o artista multifacetado, multitalentoso e sempre crítico e controverso. Não conheço personalidade artística e intelectual que me fascine mais.