07/03/2012

Maria João

A Maria João nasceu em Lisboa em 1956. É filha de pai português e mãe moçambicana.
Foi uma adolescente rebelde e inquieta. Frequentava o Colégio Inglês St. Julians School mas fugia da escola, não punha os pés nas aulas e passou a aluna interna no colégio da Bafureira, que nem por isso constituiu um obstáculo às fugas. Incontrolável, foi expulsa ou convidada a sair de 5 colégios!

Foto: Simon Frederick

Até que surgiu o desporto na sua vida, primeiro a Natação e depois a escola do mestre Georges Stobbaerts, onde saltou do Ioga para o Judo e Karaté, até se encantar pelo Aikido, que, além de lhe incutir regras e disciplina, lhe valeu um orgulhoso cinturão negro. O Aikido mudou-lhe a vida, sendo ainda hoje uma das suas paixões. Praticava intensamente todos os dias da semana e, por essa altura, começou também a dar aulas de natação a crianças autistas, através da Direcção-Geral de Desportos.
A música apareceu por acaso, nunca tinha sonhado ser cantora, nem sequer ouvia muita música. A Escola de Natação fechou e a praia e a boa vida foram uma hipótese a considerar, até que um amigo guitarrista a convidou a integrar a sua banda rock, como vocalista. A banda não teve futuro mas em 1982, quando abriram inscrições na Escola de Jazz do Hot Club foi desafiada por um amigo a tentar a sua sorte. Diz que não percebia nada de jazz, mas gostava imenso. Na audição atirou-se a um improviso sobre o clássico de Cole Porter, “Night and Day” e foi admitida de imediato, sem que tenha chegado a saber se entrou pela espetacularidade do improviso ou porque havia falta de cantores no Hot Club. Foi aqui que aprendeu a ouvir as divas do jazz e não só, apaixonou-se pela Betty Carter, progrediu para o Al Jarreau e outros cantores de vanguarda. Ainda no Hot Club, formou o seu primeiro grupo – Maria João & Friends – e foi também nesses tempos que se estreou em concerto, na abertura de um restaurante.


Em 1983 saiu o primeiro disco (Quinteto de Maria João, recheado de standards americanos) e uma participação no disco de Jorge Palma, Acto Contínuo.
Em 1984 foi galardoada com o prémio de revelação do ano e em 1985 no Festival de Jazz de Cascais obteve aplausos do público e da crítica.
Gravou mais discos, ganhou mais prémios e fez tournées pelo mundo. Chamou a atenção da pianista japonesa Aki Takase que se movia no mundo do free-jazz e com ela a Maria João descobriu que é possível fazer tudo!
Em 1990 nasceu o seu filho e regressou a Portugal para o projeto Cal Viva com José Peixoto, Carlos Bica, José Salgueiro e Mário Laginha, e o resultado da colaboração saiu num disco intitulado Sol, em 1991, onde a música tradicional portuguesa e o jazz se fundiram em sons originais.
Os Cal Viva não fizeram mais álbuns mas a Maria João e o Mário Laginha foram trabalhando juntos em outros projetos que fizeram sucesso, tornando-os uma dupla imbatível.
A Maria João é frequentemente convidada a colaborar com outros músicos de grande prestígio como o grupo de Joe Zawinul, o quarteto de sopros austríaco Saxofour ou Gilberto Gil.
Em televisão foi diretora da Escola de Música da Operação Triunfo em duas edições do programa.
No final de 2008 a Maria João voltou ao estúdio com Mário Laginha para a edição de um álbum comemorativo de 25 anos de carreira. Em 2011 lançou o disco Amoras e Framboesas.


Atualmente a Maria João continua a apresentar-se em duo e quinteto com Mário Laginha em salas pelo mundo fora e a desenvolver o projeto Ogre, com concertos regulares na Fábrica do Braço de Prata em Lisboa. Com a Orquestra de Jazz de Matosinhos continuará a oferecer Amoras e Framboesas em vários festivais de jazz.

"Nós precisamos muito da música e de um belo dia de sol e céu azul! Isto não mata mas mói, vai moendo ao longo do tempo, é muito tempo já com isto. Todas as pessoas a resistirem, a tentarem safar-se e isto desmoraliza imenso e claro que precisamos de coisas felizes para levantar o ânimo para poder achar “nao não! vamos sair desta” e eu acho que a música ocupa esse sítio, é uma das coisas que ocupa esse lugar. A salvadora do ânimo nacional".

Apesar de se dar melhor com o meio sonoro - como o telefone, já aderiu às novas tecnologias e dá importância ao grafismo geral dos seus trabalhos e à forma como se apresenta ao público. Dá aulas há quatro anos, experiência que tem sido fantástica, diz que é melhor cantora por causa das aulas, com o que aprende
com os seus alunos.

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